Netanyahu e Ben-Gvir junto ao autocarro alvo do ataque.
Netanyahu e Ben-Gvir junto ao autocarro alvo do ataque.EPA/Ronen Zvulun / POOL

Seis mortos num ataque em Jerusalém após Israel lançar “furacão” em Gaza

Dois palestinianos dispararam contra uma paragem de autocarro, sendo mortos por um soldado fora de serviço e um civil. No enclave palestiniano, prosseguem os bombardeamentos.
Publicado a
Atualizado a

Seis pessoas morreram e outras 21 ficaram feridas, seis delas com gravidade, quando dois atiradores palestinianos, armados com metralhadoras improvisadas, dispararam numa paragem e num autocarro no cruzamento de Ramot, no norte de Jerusalém. Um soldado da nova brigada de ultraortodoxos, que não estava ao serviço, e um civil armado mataram os atiradores.

As vítimas (quatro morreram no local e duas já no hospital) foram identificadas pelas autoridades. Trata-se de dois homens na casa dos 20 anos, incluindo um espanhol de 25 anos residente em Jerusalém, dois rabinos de 43 e 79 anos e ainda outro homem de 57 anos e uma mulher de 60.

De acordo com as autoridades israelitas, os atiradores eram palestinianos das localidades de Al-Qubeiba e Qatanna, na Cisjordânia ocupada, que foram cercadas pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês). Um residente de Jerusalém Oriental, já conhecido da polícia por ajudar palestinianos sem autorização a entrar na cidade, foi detido por suspeita de que levou os dois atiradores de carro até ao local do ataque. O Hamas elogiou os “combatentes da resistência”, sem reivindicar o ataque.

“Uma poderosa guerra contra o terror está a ocorrer em todas as frentes”, disse aos jornalistas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, quando visitou o local. Dizendo que as forças de segurança já travaram centenas de ataques como este, lamentou que não o tivessem feito também ontem de manhã. “Os combates continuam na Faixa de Gaza”, disse, acrescentando que Israel “destruirá o Hamas” e libertará todos os reféns. “Infelizmente, a guerra também continua em Jerusalém e na Judeia e Samaria [Cisjordânia], onde atuamos com grande força”, concluiu.

Entretanto, Israel disse que ia reforçar os bombardeamentos na Faixa de Gaza -. o ministro da Defesa, Israel Katz, falou num “poderoso furacão” que faria tremer “os telhados das torres de controlo do terror”. Mais tarde, e três horas depois do alerta para a evacuação, as IDF destruíram um edifício de 12 andares - Netanyahu disse que destruíram “50 torres de terror em dois dias”. O Hamas respondeu matando quatro soldados num ataque nos arredores da cidade de Gaza.

O presidente dos EUA, Donald Trump, deu no domingo (7 de setembro) “um último aviso ao Hamas”, exigindo que o grupo terrorista liberte, no primeiro dia de tréguas, todos os reféns - ainda 48, dos quais 20 vivos. O Hamas diz estar disposto a negociar, mas alega que é impossível cumprir essa exigência, enquanto Israel diz que está preparado para aceitar a proposta.

Ataque ao poder judicial

O atentado em Jerusalém acabou ainda por se tornar em mais um capítulo da guerra entre Netanyahu e o poder judicial. O primeiro-ministro (que cancelou o seu testemunho em mais uma sessão do seu julgamento por corrupção) e o ministro da Segurança Nacional, o ultranacionalista Itamar Ben-Gvir, sugeriram na visita ao local do ataque que o Supremo Tribunal tinha culpa.

No domingo, o tribunal considerou que o Estado falhou em cumprir a obrigação legal de alimentar corretamente os prisioneiros palestinianos - Ben-Gvir quer condições mais severas e punitivas para eles. O ministro disse que os juízes encorajaram os terroristas a “levantar a cabeça”, uma mensagem também repetida pelo primeiro-ministro.

Declarações criticadas pela Administração Judicial: “É uma pena que no dia em que ocorreu um ataque tão grave, Ben-Gvir escolha atacar o Supremo Tribunal de Justiça”, falando num “comentário lamentável”. O líder da oposição, Yair Lapid, também não foi crítico: “Netanyahu e Ben-Gvir nunca vão mudar. Enquanto as vítimas estão diante de nós, o Governo já está a culpar o sistema judicial, em vez de assumir a responsabilidade.”

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt