Russos enviam proposta de acordo, ucranianos querem discuti-lo em Mariupol

Tropas ucranianas dizem estar nas horas finais de resistência e apelam para intervenção externa.

Soldados ucranianos continuaram a resistir contra as forças russas dentro da siderurgia em ruínas de Mariupol, com um comandante a avisar que tropas e os civis ali abrigados podem ser mortos nas próximas horas caso não haja uma intervenção estrangeira. Enquanto isso, a Rússia continuou a enviar soldados e material militar ao longo da frente oriental de 450 quilómetros com o objetivo de cercar as forças ucranianas e capturar todo o território oriental. No campo diplomático, a Rússia entregou uma proposta de negociação à Ucrânia, enquanto o secretário-geral das Nações Unidas solicitou encontros com os líderes do país invasor e do país invadido para se alcançar a paz.

Um comandante na siderurgia sitiada Azovstal emitiu um pedido de ajuda. "Apelamos e pedimos a todos os líderes mundiais que nos ajudem. Pedimos-lhes que usem o procedimento de extração e nos levem para o território de um estado terceiro", uma prova de que a resistência de dois meses aos russos está a chegar ao fim na destruída Mariupol. Serhiy Volyna disse que os seus fuzileiros estavam "a enfrentar talvez os últimos dias, se não horas". "O inimigo supera-nos em dez para um", disse o comandante da 36.ª Brigada de Fuzileiros. "Bombas poderosas foram lançadas várias vezes sobre Azovstal, fomos bombardeados a partir de navios... estamos sitiados. A frente está a 360 graus", disse por sua vez o comandante do batalhão Azov Svyatoslav Palamar, que também lançou um apelo para se salvarem as crianças presentes na siderurgia.

De Mariupol era esperado que pudessem sair até 6000 civis, mas mais uma vez o corredor humanitário "não funcionou", como disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk. "Devido à ausência e controlo do seu próprio exército no terreno, os ocupantes não conseguiram assegurar um cessar-fogo apropriado", comentou.

"Não estão sozinhos. Estamos convosco", disse Charles Michel em visita à Ucrânia. Perante o isolamento de militares e cidadãos em Mariupol, soará deslocada a declaração do presidente do Conselho Europeu junto do presidente ucraniano, durante a qual também prometeu que a UE fará "tudo o possível" para ajudar a Ucrânia a vencer a guerra. Volodymyr Zelensky, por seu turno, disse que o seu país não tem armas suficientes para tal e falou da cidade sitiada. "Há duas maneiras de desbloquear Mariupol. A primeira é através de assistência armada a sério. Até agora, não temos equipamento suficiente. A segunda é diplomática, mas até agora a Rússia não está de acordo."

Moscovo entregou a Kiev uma proposta de acordo com "formulações absolutamente claras e desenvolvidas", disse o porta-voz do Kremlin, enquanto acusou os ucranianos de "recuar em relação ao que já havia sido acordado". Por sua vez o chefe das negociações da Ucrânia Mykhailo Podolyak desafiou os russos a realizar uma ronda de negociações em Mariupol. "Para salvar os nossos homens, Azov, militares, civis, crianças, os vivos e os feridos", disse. António Guterres, entretanto, também quer reunir-se com Vladimir Putin e Zelensky para se alcançar a paz.

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