Antes dos soldados norte-coreanos, a Rússia já tinha recorrido a indivíduos de outros países para combater. Mas à escala de centenas será novidade. Uma reportagem do Financial Times revela uma rede de tráfico de naturais do Iémen, aliciados para trabalharem na indústria com salários principescos para a realidade iemenita e até obterem a cidadania russa, para na realidade serem enviados para a frente de combate..Contratos de trabalho analisados pelo jornal inglês vinculam os incautos iemenitas a uma empresa registada como operadora turística e fornecedora de equipamento médico e produtos farmacêuticos, propriedade do político (e general) houthi Abdulwali Abdo Hassan al-Jabri. O recrutamento começou em julho. Nabil, um dos mercenários contactados pelo Financial Times disse ter feito parte de um grupo de 200 iemenitas que foram recrutados para o exército russo em setembro. Contou ter sido atraído para a Rússia com promessas de empregos lucrativos nas áreas da “segurança” e da “engenharia”. Após algumas semanas na frente de combate, escondeu-se com outros quatro iemenitas recém-chegados numa floresta na Ucrânia. As últimas notícias deste homem, através de um familiar, davam-no como hospitalizado..Outro iemenita, Abdullah, disse que lhe prometeram 2 mil dólares por mês e um prémio de 10 mil dólares para ir trabalhar para uma fábrica de montagem de drones. No entanto, quando chegou com o seu grupo a umas instalações a umas horas de Moscovo, um homem disparou sobre as suas cabeças quando estes começaram por recusar assinar um contrato de incorporação nas forças de combate. .O facto de Moscovo estar a alimentar-se de soldados iemenitas é sinal de um alinhamento com os rebeldes xiitas. No mês passado o The Wall Street Journal revelou que os houthis têm utilizado dados de satélites russos para atingir navios no Mar Vermelho com drones e mísseis. A informação sobre os alvos terá sido fornecida através dos Guardas da Revolução do Irão. .O enviado especial dos Estados Unidos para o Iémen, Tim Lenderking, confirmou ao FT que a Rússia está “ativamente empenhada em estabelecer contactos” com os rebeldes xiitas, incluindo discussões sobre a transferência de armas. “O tipo de armas que estão a ser discutidos são muito alarmantes e permitiriam aos houthis atingir melhor os navios no Mar Vermelho e potencialmente mais além”, afirmou..Noutra frente, o Kremlin acusou Joe Biden, de prejudicar os planos de Donald Trump para resolver o conflito ucraniano. Segundo o porta-voz Dmitri Peskov, a administração Biden mostrou que “fará tudo para garantir que a guerra não termine”, tendo insinuado que os democratas querem condicionar o presidente eleito e vingar a derrota eleitoral.