Putin denuncia alegado ataque ucraniano na região russa de Bryansk. Kiev nega
Relatos de um ataque ucraniano na região russa de Bryansk são uma "provocação deliberada" de Moscovo, aponta Kiev. Conselheiro de Zelensky diz que a Rússia quer "assustar o seu povo para justificar o ataque a um outro país". Presidente russo fala em "ataque terrorista."
O exército russo terá esta quinta-feira tentado "eliminar" um grupo de "sabotadores" ucranianos infiltrados na região de Bryansk, fronteira com a Ucrânia, anunciou o governador local, dando conta que um civil morreu e um menor ficou ferido. Presidente russo fala em "ataque terrorista" e Kiev diz desconhecer alegado ataque.
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Durante uma videoconferência, Vladimir Putin referiu-se a "mais um ato terrorista, mais um crime".
"Entraram na área de fronteira, onde abriram fogo contra civis. Viram que se tratava de um carro civil, que havia civis e crianças sentados lá", disse Putin na videoconferência que pretendia assinalar o Ano do Professor e Mentor.
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"Repito: não terão sucesso, vamos espremê-los", sublinhou Putin, citado pela agência de notícias russa Interfax, referindo-se a "terroristas" e "neonazis".
"São precisamente pessoas como estas que têm como objetivo privar-nos da nossa memória histórica, da nossa História, das nossas tradições e da nossa língua", acrescentou o chefe de Estado russo.
O governador da região de Bryansk, Alexander Bogomaz, denunciou no Telegram que "um grupo de reconhecimento e sabotagem infiltrou-se na localidade de Lyubechane (...)". " As Forças Armadas da Federação Russa estão a tomar todas as medidas necessárias para eliminar esse grupo", disse.
Segundo este responsável russo, "os sabotadores abriram fogo contra um veículo em movimento", o que resultou na morte de um civil. Um rapaz de 10 anos terá ficado ferido, tendo sido hospitalizado, acrescentou Bogomaz.
De acordo com as agências de notícias russas Ria Novosti, Tass e Interfax, que citaram testemunhas e fontes dos serviços de segurança e de emergência, o grupo ucraniano terá feito reféns. A AFP não conseguiu verificar as informações com fontes independentes.
Some #Russian propagandists report that 40, some 50 and others say that 80 "#Ukrainian saboteurs" took hostages in #Bryansk region. pic.twitter.com/mbBqAZ62EQ
As autoridades ucranianas desconhecem o alegado ataque em território russo. O serviço de Fronteiras da Ucrânia, citado pela estação de televisão estatal ucraniana Suspiline, no Telegram, alerta para o facto de que "as forças militares da Rússia podem recorrer a provocações de forma a descredibilizar as Forças de Defesa" da Ucrânia.
Kiev fala em "provocação deliberada" de Moscovo. Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente Zelensky, escreveu nas redes sociais que a Rússia "quer assustar o seu povo para justificar o ataque a outro país".
The story about sabotage group in RF is a classic deliberate provocation. RF wants to scare its people to justify the attack on another country & the growing poverty after the year of war. The partisan movement in RF is getting stronger & more aggressive. Fear your partisans...
Crescem os receios de que estes relatos por parte de autoridades russas possam estar ligados a um ataque de bandeira falsa.
De acordo com Anton Barbashin, diretor editorial do jornal online Riddle Russia, citado pela Sky News, os media russos já sugeriam nos últimos dias uma incursão ucraniana na região de Bryansk.
Devido "à situação na região de Bryansk", o presidente russo, Vladimir Putin, cancelou uma viagem, indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"Este é um ataque de terroristas. Estão a ser tomadas medidas para eliminar estes terroristas", assegurou o porta-voz da presidência russa, citado pela agência de notícias Tass.