Sunak foi indigitado e promete corrigir "alguns erros" de Truss

Rishi Sunak foi indigitado primeiro-ministro do Reino Unido pelo rei Carlos III. É o terceiro chefe do governo britânico em sete semanas, depois de Boris Johnson e Liz Truss, e o mais novo desde 1783.

O novo líder do Partido Conservador, Rishi Sunak, foi esta esta terça-feira indigitado primeiro-ministro britânico pelo Rei Carlos III, após a demissão de Liz Truss.

O monarca convidou Sunak a formar um novo governo enquanto líder do partido com a maioria parlamentar e em Downing Street fez o seu primeiro discurso como o novo chefe do governo britânico.

Rishi Sunak afirmou que aceitou o convite do rei Carlos III para formar governo e começou o seu discurso destacando que o país enfrenta uma "profunda crise económica", referindo-se às consequências que ainda perduram da pandemia de covid-19 e aos efeitos da guerra na Ucrânia nos mercados.

Elogiou a sua antecessora ao afirmar que Liz Truss estava certa em querer melhorar o crescimento do país. "É um objetivo nobre. E admirei a inquietação para promover mudanças. Mas foram cometidos alguns erros", admitiu. Disse que foi eleito primeiro-ministro em parte para "corrigir" esses erros. Um trabalho que começa "imediatamente", sublinhou.

"Eu vou unir o nosso país não com palavras, mas com ações", prometeu Sunak, garantindo ainda que a estabilidade económica é prioridade do novo governo e isso, avisou, "significará tomar decisões difíceis".

Lembrando a experiência como ministro das Finanças durante a pandemia covid-19 na formulação de políticas para apoiar famílias e empresas, Sunak disse que vai aplicar a "mesma compaixão para os desafios que enfrentamos hoje".

Mostrou-se determinado em "não deixar a próxima geração, os vossos filhos e netos, com uma dívida para saldar que fomos demasiado fracos para nos pagar a nós próprios".

Reconheceu que o país vive um "momento difícil" e que vai trabalhar dia após dia para o povo britânico. Prometeu um governo com "integridade, profissionalismo e responsabilidade a todos os níveis". "Sei que tenho de trabalhar para restaurar a confiança depois de tudo o que aconteceu", assumiu Sunak. "Não estou assustado".

"Eu percebo o alto cargo que aceitei e espero estar à altura das exigências. Mas quando surge a oportunidade de servir, não se pode questionar a oportunidade, apenas a vontade", disse.

"A confiança conquista-se e eu vou conquistar a vossa", prometeu aos britânicos.

As prioridades do novo primeiro-ministro passam também por "um Serviço Nacional de Saúde mais forte, melhores escolas, ruas mais seguras", mas também pelo controlo das fronteiras, proteção do meio ambiente, apoio às forças armadas e fazer crescer a economia com "as oportunidades do Brexit."

Sunak fez ainda referência a Boris Johnson ao agradecer as "incríveis conquistas" do antigo primeiro-ministro, reivindicando, porém, a legitimidade para chefiar o governo britânico.

"O mandato que o meu partido ganhou em 2019 não é propriedade exclusiva de nenhum indivíduo", argumentou.

"Estou aqui diante de vocês, pronto para liderar o nosso país no futuro. Colocar as necessidades do país acima da política, alcançar e construir um governo que represente as melhores tradições do meu partido", assegurou.

Manifestou-se ainda determinado em "criar um futuro digno dos sacrifícios que tantos fizeram e preencher amanhã e todos os dias depois com esperança".

Anteriormente, depois de presidir a uma reunião do Conselho de Ministros pelas 09:00, a sua antecessora fez uma declaração de despedida à porta da residência oficial, em Downing Street.

"Foi uma honra ter sido primeira-ministra" do Reino Unido, começou por dizer Liz Truss.

Durante a curta declaração afirmou que o seu governo, que apenas durou 44 dias, "agiu de forma urgente e decisiva ao lado de famílias e empresas". "Ajudamos milhões de lares com suas contas de energia e ajudamos milhares de empresas a evitar a falência", exemplificou.

"Estamos a recuperar a nossa independência energética para que nunca mais estejamos sujeitos às flutuações do mercado global ou a potências estrangeiras malignas", declarou Truss.

A chefe do governo demissionária defendeu a necessidade de uma política ousada para resolver os problemas que o país enfrenta.

"Deste meu tempo como primeira-ministra, fiquei mais convencida do que nunca de que precisamos de ser ousados e enfrentar os desafios", destacou.

Reafirmou que o Reino Unido não pode ser um país de baixo crescimento" e que é necessário "aproveitar as liberdades" trazidas pelo Brexit para "fazer as coisas de maneira diferente". E isso significa, prosseguiu, "baixar os impostos" e "proporcionar um crescimento que trará mais segurança no emprego, salários mais elevados".

Liz Truss defendeu ainda que o Reino Unido deve continuar a apoiar a Ucrânia "mais do que nunca".

Concluiu o discurso a desejar "todo o sucesso" a Rishi Sunak, o seu sucessor no cargo. "Acredito do Reino Unido, acredito no povo britânico e acredito que dias melhores virão", rematou.

Truss será recebida pelo Rei Carlos III no Palácio de Buckingham, onde vai formalizar a demissão de primeira-ministra.

Os principais nomes do novo governo devem ser conhecidos esta terça-feira

Segue-se agora a formação do novo Executivo, devendo os principais nomes ser anunciados ainda esta terça-feira. Sunak elegeu como prioridade unir o partido, pelo que estará sob pressão para escolher representantes das diferentes correntes dos 'tories'.

As atenções vão estar centradas sobretudo em Jeremy Hunt e se este vai permanecer como ministro das Finanças, tendo em conta o papel importante que teve em acalmar os mercados financeiros nos últimos dias.

Outra curiosidade será o destino de Penny Mordaunt, a única adversária declarada de Sunak nesta eleição que acabou por não reunir apoios suficientes.

Mordaunt já foi ministra da Defesa e ocupa atualmente a posição de líder da Câmara dos Comuns, um cargo no governo equivalente a ministra dos Assuntos Parlamentares.

Sunak, de 42 anos e descendente de imigrantes indianos, será o terceiro primeiro-ministro do Reino Unido em sete semanas, depois de Boris Johnson e Liz Truss, e o mais novo desde 1783.

O antigo ministro das Finanças foi o único candidato à liderança do Partido Conservador a receber o apoio exigido de pelo menos 100 dos 357 deputados Conservadores.

Numa declaração na sede do Partido segunda-feira em Londres, declarou assumir a responsabilidade com "humildade e honra" e prometeu "estabilidade e unidade" numa altura em que o Reino Unido enfrenta "um grande desafio económico".

Notícia atualizada às 13:02

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