Rio de Janeiro está a ferver. Brasil já vai na 3.º onda de calor seguida
Sensação de calor intenso é pouco para descrever o que se está a viver no Rio de Janeiro. Com o Brasil a viver a terceira onda de calor desde o início do ano (as anteriores foram entre 17 e 23 de janeiro e 2 e 12 de fevereiro), a “cidade maravilhosa”, na antecâmara das celebrações do Carnaval, atingiu pela primeira vez o quarto dos cinco níveis de alerta para altas temperaturas, estabelecido pelas autoridades municipais.
O sistema entrou em vigor em junho de 2024 e analisa a temperatura e humidade no ar, sendo que o nível 4 está nivelado entre os 40 e 44 graus. Mas a sensação térmica é ainda maior e superou os 62 graus centígrados. Esta segunda-feira os termómetros marcaram 44 graus, em Guaratiba, na zona oeste do Rio, sendo esta a temperatura mais alta já registada pelo sistema Alerta Rio, que faz estas medições desde 2014 - o anterior recorde era de 43,8 graus, a 18 de novembro de 2023. Está previsto que os dias de calor intenso durem até 24 de fevereiro.
O critério da Organização Mundial de Meteorologia para se decretar uma onda de calor obriga a que as temperaturas máxima diárias ultrapassem em 5 graus (ou mais) e média mensal, durante um período mínimo de cinco dias consecutivos.
De resto, o Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET) destacou o Rio como a capital estadual mais quente, embora a onda de calor atual também se faça sentir noutras grandes cidades do país, como na metrópole de São Paulo. E nem o período noturno, com o seu habitual arrefecimento, tem servido de alívio para milhões de brasileiros: dados do INMET mostravam que em mais de 500 municípios foram registadas temperaturas superiores a 30 graus durante a noite.
Em declarações à BBC Brasil, Marina Hirota, professora associada da Universidade Federal de Santa Catarina, explicou o que está a causar a atual vaga de calor e porque é ainda mais agressiva: “Há uma massa de ar quente a acompanhar a subida de um ciclone extratropical, que normalmente passa muito longe do Brasil nesta época do ano. Aliados a esta massa de ar quente temos os chamados jatos de baixos níveis, conhecido como rios voadores [correntes de humidade que vêm da floresta da Amazónia e atravessam o país”. A falta de vento e a forte humidade, combinadas com as altas temperatura, faz com que a sensação térmica aumente ainda mais.
Entretanto, Eduardo Paes, presidente da câmara do Rio, veio garantir que não será cancelado nenhum dos eventos previstos para o Carnaval carioca (início de março), quando a cidade recebe milhões de visitantes, mas tendo em conta que no pré-carnaval já decorrem várias iniciativas no Rio não deixou de recomendar aos participantes que bebam “mais água” e “tomem cuidados”. No próximo fim-de-semana, também serão reagendados os horários dos jogos de futebol da Taça Guanabara, devido ao calor.