Republicanos e democratas não chegaram a acordo para prolongar por sete semanas a aprovação do orçamento federal para o novo ano fiscal, o que obrigou à suspensão parcial das operações em várias agências do Governo norte-americano. O shutdown, como é conhecido, é o primeiro desde o de 2018-2019, que durou um recorde de 35 dias. O primeiro dia deste novo shutdown ficou marcado pelo jogo de culpa, com os líderes dos dois lados a acusarem-se mutuamente da responsabilidade. “Donald Trump e os republicanos paralisaram o Governo porque não querem prestar cuidados de saúde à classe trabalhadora norte-americana”, disse o líder da minoria na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, em declarações à estação de televisão ABC. Os democratas estão unidos na sua decisão, com o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, a dizer na CNN: “Eis o que esperamos. Agora que os republicanos perceberam que não têm os votos necessários, vão sentar-se e negociar de boa-fé.” Em março, Schumer arranjou os votos (a proposta precisa de passar com uma maioria de 60-40 e os republicanos são 53) para ajudar a manter o Governo a funcionar, tendo sido criticado por muitos dentro do próprio partido. Mas agora os democratas defendem que é hora de lutar, querendo evitar os cortes nos programas que permitem a pessoas que têm baixos rendimentos aceder a cuidados de saúde (Medicaid e Obamacare). Os cortes fazem parte da Lei Grande e Bonita de Trump, aprovada em julho. “Os democratas poderiam ter trabalhado connosco de forma bipartidária para evitar esta paralisação desnecessária e muito prejudicial. Mas, em vez disso, fizeram algo que é bastante chocante para nós: deram prioridade aos benefícios, que são pagos pelos contribuintes, para os imigrantes ilegais em vez de manterem o governo aberto aos cidadãos americanos”, disse o líder da maioria na Câmara dos Representantes, Mike Johnson. Os democratas rejeitam a ideia de que os apoios são para os imigrantes ilegais, dizendo que estes não estão abrangidos pelos programas.Mas a mensagem republicana é clara: “O shutdown democrata”, lia-se no pódio atrás do qual Johnson falou diante do Congresso. E os vários sites da Administração, incluindo o da própria Casa Branca, repetem a ideia: “Os democratas paralisaram o Governo”, lia-se, ao lado de um relógio que vai contabilizando ao segundo o tempo do shutdown. Na página do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, a culpa era atribuída à “esquerda radical no Congresso”. Não há uma saída clara para o impasse, mas a 15.ª paralisação do governo desde 1981 vai travar a divulgação do relatório de emprego de setembro, que estava a ser monitorizado de perto (chave para a decisão da reserva Federal em relação a baixar mais os juros). Além disso, pode complicar as viagens aéreas. Os funcionários de segurança dos aeroportos e os controladores aéreos são funcionários essenciais, mas ficam sem ordenado e em 2019, quando dez destes últimos meteram baixa médica, obrigando a suspender os voos no aeroporto de LaGuardia, isso ajudou a desbloquear uma solução para o shutdown. Quem também pode ficar sem salário são os militares. Cerca de 750 mil funcionários federais entraram em licença sem vencimento ou têm que trabalhar sem receber, sem previsão de quando a situação fica resolvida. Mas enfrentam um cenário ainda pior do que no passado, após o presidente ameaçar demitir muitos deles e avançar nos cortes prometidos no Governo federal. Trump mantinha o silêncio sobre o tema nas redes sociais e não tinha previsto nenhum evento público na agenda. .Governo dos EUA está paralisado após o orçamento chumbar no Senado