Reações. Marcelo: "Protagonista decisivo" nas relações com Portugal
José Eduardo dos Santos morreu esta sexta-feira de manhã num hospital de Barcelona, onde estava internado nos cuidados intensivos, depois de ter sofrido um AVC. Tinha 79 anos.
Marcelo Rebelo de Sousa já enviou as condolências ao Presidente João Lourenço e à família de José Eduardo dos Santos.
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"O Presidente José Eduardo dos Santos foi o interlocutor de todos os Presidentes Portugueses em Democracia, durante quatro décadas, constituindo um protagonista decisivo nas relações entre os Estados e os Povos Angolano e Português.", pode ler-se num comunicado da Presidência da República.
Diz ainda que "Portugal testemunha o respeito devido a essa longa memória, em período determinante para o nascimento e o arranque da CPLP e do engrandecimento das nossas relações bilaterais após a descolonização."
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Em declarações à SIC Notícias, Marcelo destacou as "muitas décadas de relacionamento" com todos os governos cujos mandatos coincidiram com o do líder angolano e indicou-o como "protagonista decisivo" desde o final da década de 1970 até à sucessão por João Lourenço.
"Marcou as relações num período particularmente sensível, imediatamente subsequente à institucionalização pós-independencia em Angola e quando, em Portugal, estava a institucionalizar-se, desde a primeira fase, a democracia", referiu
O PR disse que já apresentou "telefonicamente" as condolências ao homólogo João Lourenço e anunciou que vai estar presente nas cerimónias fúnebres com o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
Guterres destaca papel no multilateralismo
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou esta sexta-feira a importância de José Eduardo dos Santos a favor do multilateralismo e destacou a assinatura do acordo de paz que terminou a guerra civil em Angola.
De acordo com uma nota do porta-voz, "o secretário-geral das Nações Unidas afirmou que está triste com a notícia da morte do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos", que faleceu hoje em Barcelona.
O também antigo primeiro-ministro português "salientou ainda que sob a liderança de José Eduardo dos Santos, o país assinou o acordo de paz, de 2002, que colocou fim à guerra civil, que eclodiu após a independência", lê-se ainda na nota, que o antigo chefe de Estado transformou Angola num "importante parceiro regional e do multilateralismo".
Na nota, "António Guterres lembrou que como presidente angolano, José Eduardo dos Santos levou a nação a tornar-se um importante parceiro regional e internacional e salientou o legado de dos Santos para o multilateralismo", lê-se ainda na nota.
Cavaco Silva recorda "artífice decisivo" na construção da paz
O antigo Presidente da República Cavaco Silva enviou hoje "as mais sentidas condolências" à família do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos, que recordou como um "artífice decisivo na construção da paz".
"No momento da morte do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, envio à sua família as mais sentidas condolências e ao povo amigo de Angola uma palavra de conforto pela partida de uma notável figura nacional", dá conta uma nota do gabinete de Cavaco Silva enviada à Lusa.
O antigo Presidente português recorda Eduardo dos Santos como "um artífice decisivo na construção da paz e da reconciliação nacional da nação angolana", com quem mantinha "uma duradoura relação de confiança, que permitiu ultrapassar as dificuldades que marcavam as relações" entre os dois países na década de 1980.
"Testemunhei o seu firme empenho pessoal e as decisões particularmente difíceis e complexas que tomou. Com José Eduardo dos Santos, de inteligência fina, convincente na argumentação, sereno e sábio no uso da palavra, foi possível reforçar a cooperação entre Portugal e Angola", considerou o ex-chefe de Estado de Portugal.
Ao longo dos anos, prosseguiu Cavaco Silva, a relação entre Portugal e Angola passou "da desconfiança" à "amizade e isso deve-se, em grande medida, a José Eduardo dos Santos".
"Neste momento de despedida, presto-lhe a minha homenagem", finalizou.
"Os pais nunca morrem", lembra a filha Tchizé dos Santos
Tchizé dos Santos, filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos, escreveu hoje nas redes sociais que "os pais nunca morrem" e "vivem para sempre" nos filhos, minutos após o anúncio da morte do pai.
"Os pais nunca morrem porque são o amor mais verdadeiro que os filhos conhecem em toda a vida. Eles vivem para sempre dentro de nós", escreveu Tchizé dos Santos na rede social Instagram, numa mensagem acompanhada por uma colagem de fotografias antigas da família.
A filha de José Eduardo dos Santos ainda dirigiu uma mensagem a João Lourenço, atual presidente de Angola.
Durão Barroso evoca o estadista que ficará na História de África
O ex-primeiro-ministro português Durão Barroso lembrou hoje "com saudade" o antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, destacando "o patriota" e "o estadista" que ficará na História do seu país e de África.
"Recordo alguém de excecional inteligência, que foi capaz de garantir a unidade nacional angolana num contexto geopolítico extraordinariamente difícil, que ficará indelevelmente na História de Angola, de África e também das relações de Angola com Portugal", escreveu o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, numa declaração enviada à agência Lusa.
José Manuel Durão Barroso, que antes de chefiar o Governo foi mediador, em representação de Portugal, dos Acordos de Paz para Angola, lembrou "com saudade" José Eduardo dos Santos.
"Não posso deixar de lembrar com saudade o patriota angolano e o estadista, com quem tive a honra de trabalhar para a paz e a reconciliação nacional em Angola. Recordo sobretudo que este foi o processo que conduziu às primeiras eleições livres e democráticas em Angola, e como tal reconhecidas pelas Nações Unidas e pela comunidade internacional", sublinha no texto.
Durão Barroso assinala que "este momento fúnebre e triste não é o adequado para fazer um balanço completo da ação de José Eduardo dos Santos, e das muito complexas situações que Angola teve de enfrentar durante a sua presidência".
No entanto, o ex-presidente da Comissão Europeia fez questão de "lembrar e reconhecer as palavras amigas" que Eduardo dos Santos "sempre teve em relação a Portugal e a importância que sinceramente dava às relações entre os dois países".
"À família, aos amigos mais próximos, às autoridades angolanas e a todos aqueles que na nação amiga angolana hoje lamentam o seu desaparecimento, apresento as minhas mais sentidas condolências", escreve ainda o antigo primeiro-ministro, que antes desempenhou os cargos de ministro dos Negócios Estrangeiros e de secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal. José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou hoje a presidência angolana, que decretou cinco dias de luto nacional.
João Soares lamenta morte do "chefe da nomenclatura" angolana
O socialista e ex-ministro da Cultura João Soares lamentou hoje a morte do antigo Presidente de Angola José Eduardo dos Santos, considerando que foi "o chefe da nomenclatura cleptocrática" durante muitos anos.
"Teve os melhores cuidados médicos, sobretudo fora de Angola, porque infelizmente a Angola que ele e o João Lourenço deixam, eles são inseparáveis apesar do drama 'shakespeariano' entre eles, é uma Angola onde ninguém pode ter um tratamento médico decente, nem sequer a nomenclatura cleptocrática que governa Angola há 48 anos", disse à agência Lusa João Soares.
Segundo o socialista, José Eduardo dos Santos foi "o chefe desta nomenclatura durante muitos anos" que passou o poder a João Lourenço, atual Presidente, uma vez que "nunca houve eleições livres em Angola".
João Soares criticou também a educação em Angola ao considerar que "é uma desgraça" e lamentar que "a maior parte da nomenclatura" venha estudar para o estrangeiro, nomeadamente para Portugal.
O antigo ministro da Cultura disse igualmente que "não há o mínimo de segurança social em Angola", frisando que "basta lá ir por uma semana para perceber o desastre de país que é", apesar de ter "todas as condições para ser um dos mais produtivos".
"Eles [José Eduardo dos Santos e João Lourenço] são o poder de uma cleptocracia há 50 anos, eles vão ultrapassar o tempo que durou a ditadura do Estado novo em Portugal e foi uma conjugação de métodos entre aquilo que foram os métodos de Salazar e do Marcelo Caetano e os métodos dos países comunistas", precisou.
João Soares recordou ainda que José Eduardo dos Santos e João Lourenço foram educados "pela escola salazarista no tempo em que eram mais jovens, e pela escola comunista, quando foram para o exílio".
"Consternado", MPLA suspende todas as atividades políticas até fim do luto nacional
O Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) partido do antigo Presidente José Eduardo dos Santos manifestou "consternação" pela sua morte e anunciou hoje que suspendeu toda a sua atividade política até ao fim do luto nacional.
"Neste momento já suspendemos toda a atividade política do partido. Não vamos realizar qualquer outro ato até que termine o luto nacional", afirmou, em declarações à Lusa, o porta-voz do MPLA Rui Falcão.
Rui Falcão adiantou que o partido, " além de acompanhar o programa de Estado" irá ter um programa próprio de homenagem ao ex-presidente, sobre o qual disse não poder adiantar, para já, pormenores.
"O que lhe posso dizer é que é um momento de profunda consternação", concluiu.
UNITA cancela comício e endereça condolências aos familiares
A UNITA cancelou o comício que tinha previsto para sábado em Luanda devido à morte do ex-Presidente angolano e exprimiu sentimentos de pesar aos familiares e amigos de José Eduardo dos Santos.
Numa nota partilhada pelo secretário provincial da União para a Independência Total de Angola (UNITA) em Luanda, Nelito Ekuikui, na sua página de Facebook, o partido endereça ainda "os mais profundos sentimentos de pesar aos familiares, amigos e todos os angolanos que direta ou indiretamente são afetados com esta notícia de profunda tristeza".
A UNITA, principal partido da oposição em Angola, travou uma dura batalha contra as forças governamentais do MPLA durante uma longa guerra civil de quase três décadas, tendo o seu fundador e líder, Jonas Savimbi, morrido em combate em 2002, abrindo caminho para os acordos de paz que viriam a celebrar-se alguns meses mais tarde.
Os dois partidos preparavam-se para medir forças na capacidade de mobilização do eleitorado este sábado em Luanda, ainda em pré-campanha para a corrida eleitoral, tendo sido canceladas as atividades políticas devido à morte do ex-chefe de Estado.
Angola vai realizar eleições gerais em 24 de agosto de 2022.
Santos Silva realça "contributo determinante" para construção da paz em Angola
O presidente da Assembleia da República realçou hoje o "contributo determinante" do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos para a construção da paz em Angola, e enviou sentidas condolências ao povo angolano e à Assembleia Nacional deste país.
Esta posição foi transmitida por Augusto Santos Silva, ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, numa mensagem que divulgou na rede social Twitter em reação à morte de José Eduardo dos Santos, aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, em Espanha, após semanas de internamento.
"Na morte de José Eduardo Santos recordo o seu contributo determinante para a construção da paz em Angola. Transmito sentidas condolências à Assembleia Nacional e a todo o povo angolano", escreveu o presidente da Assembleia da República.
Martins da Cruz realça transformação de Angola em "potência regional"
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros português António Martins da Cruz salientou que o ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que morreu hoje, soube ganhar a paz após a guerra civil e transformou Angola numa potência de África.
"José Eduardo dos Santos foi um grande presidente angolano e africano, porque ganhou a longa guerra civil - de 1975 até 2002 -, mas a seguir soube ganhar a paz, ou seja, integrar os generais e oficiais da Unita nas Forças Armadas de Angola e chamar vários membros da Unita para o seu próprio governo. Transformou Angola numa potência regional e marcou o tempo angolano e o tempo africano", afirmou.
Em declarações à Lusa, o antigo diplomata assinalou que José Eduardo dos Santos "soube construir uma democracia" e que Angola pode ser "um exemplo" para outras nações africanas.
Enfatizando a criação de "um sistema partidário que funciona" e "eleições que são fiscalizadas por observadores internacionais", Martins da Cruz recordou as "dezenas de vezes" que esteve com o antigo chefe de Estado angolano, destacando ainda ter sido "o único português convidado para o último aniversário" celebrado durante a sua presidência.
"Tinha um enorme respeito por Portugal. Sabia exatamente qual era o papel que tínhamos desempenhado para a paz em Angola durante as negociações de paz e respeitava muito as relações com Portugal. Soube sair como presidente e saiu de Angola para não se meter no dia a dia da governação. O atual presidente, João Lourenço, foi o seu último ministro da Defesa e creio que até aí teve um papel para preservar o equilíbrio político e a paz", acrescentou.
Ana Gomes lamenta opção pelo "esquema cleptocrático"
A ex-embaixadora Ana Gomes considerou hoje que José Eduardo dos Santos chegou a ser "uma promessa de transição para a democracia" em Angola, mas optou pelo "desenvolvimento de uma cleptocracia a favor de uma elite".
"José Eduardo dos Santos chegou a ser uma promessa de transição para a democracia e tornar uma Angola mais desenvolvida e mais justa, mas essa promessa esboroou rapidamente", disse à Lusa a ex-candidata à Presidência da República Portuguesa, no dia em que o antigo presidente angolano morreu.
Ana Gomes afirmou que essa promessa ocorreu com o fim da guerra em 2002, "mas sob o regime do todo-poderoso José Eduardo dos Santos, ele optou por aquilo a que eles justificavam como uma acumulação primitiva de capital e pelo desenvolvimento de uma cleptocracia em favor de uma elite que inclui a sua família e os seus mais próximos contra o povo deixado na miséria".
A antiga deputada socialista lamentou também que esse processo "de suposta transição para a democracia que se esboroou" tenha tido "a cumplicidade de muitos responsáveis políticos portugueses, que ajudaram a contribuir para essa farsa, ao mesmo tempo que beneficiavam dos efeitos económicos de prestar" Portugal "a tornar-se na principal lavandaria para essa cleptocracia angolana".
"Também Portugal acabou por ser contaminado por esse esquema cleptocrático, que começou desde logo por controlar os grupos de 'media' portugueses porque sabiam da sua importância para a informação que é passada para Angola", precisou.
A ex-embaixadora sublinhou que, apesar de momentos de grande dureza, as relações entre o povo angolano e português "são intensas e de irmandade".
Ana Gomes sustentou igualmente que "o que José Eduardo dos Santos instaurou em Angola impediu" que este país tenha desenvolvido o seu potencial.
"É um país que podia ser uma força estabilizadora geopoliticamente para a África, mas é um gigante com peso de barro, não desenvolveu a agricultura, a pesca, a base industrial e ficou tudo dependente da maldição do petróleo que é obviamente a fonte da renda que alimenta a cleptocracia", frisou.
Ana Gomes disse ainda esperar que a morte de José Eduardo dos Santos "traga paz a Angola" e que "não cause mais tensão num período em que as tensões naturalmente se acumulam, visto que em agosto haverá as chamadas eleições".
CPLP. "Grande perda para Angola" e para "o mundo da Língua Portuguesa"
O Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) regista "com pesar" a morte do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que diz ser uma "grande perda para Angola e, também, para o mundo da Língua Portuguesa".
Numa nota de pesar emitida ao início da tarde, Zacarias da Costa regista "com pesar" o falecimento do Presidente José Eduardo dos Santos e realça a "grande perda para Angola e, também, para o mundo da Língua Portuguesa."
O "Presidente fundador CPLP, José Eduardo dos Santos foi sempre militante e defensor incansável da projeção da Língua Portuguesa e da consolidação da nossa Comunidade", acrescenta o secretário executivo da organização.
No comunicado, Zacarias da Costa "exprime os sentimentos de pesar e de solidariedade para com a dor da família e amigos".
Angola é um dos nove estados-membros da CPLP e exerce neste momento a presidência rotativa da organização.
Mira Amaral recorda "comportamento sereno e frio" de antigo Presidente
O antigo ministro e líder do Banco BIC, Luís Mira Amaral, recordou o antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que morreu hoje, como uma pessoa com um "comportamento bastante sereno e frio".
Contactado pela Lusa, Mira Amaral respondeu que apenas esteve com José Eduardo dos Santos uma vez: "Apenas o cumprimentei uma vez, quando ele veio em visita oficial a Portugal, numa receção no Palácio da Ajuda [Lisboa] a convite do então Presidente da República, Cavaco Silva, (...), mas nunca conheci o senhor".
No entanto, o economista recordou a "longa duração" do mandato do antigo chefe de Estado angolano e reconheceu-lhe um "comportamento bastante sereno e frio".
"Acho que teve um comportamento bastante sereno e frio quando o líder da UNITA [Jonas Savimbi] desapareceu. Ele foi bastante frio na gestão das coisas em nome da paz. Teve esse comportamento bastante positivo nessa fase", disse.
Agualusa diz que lutas dos filhos tornam "indigno" o fim de vida
O escritor José Eduardo Agualusa lamentou hoje que os filhos de José Eduardo dos Santos tenha tornado "um pouco indigno" o fim de vida do ex-presidente angolano, recordando-o pela corrupção, mas também por ter posto fim à violência pós-independência.
"É muito triste a forma como decorreram estes últimos dias com os filhos lutando uns com os outros e em particular uma das filhas fazendo acusações absurdas contra o Presidente atual", disse o escritor luso-angolano em declarações à Lusa por telefone após o anúncio da morte, hoje, do antigo chefe de Estado.
"Tudo isto me parece muito triste. Acho que, enfim, de alguma forma, veio tornar um pouco indigno todo este processo, que podia ser um processo, um drama íntimo da família", acrescentou.
Agualusa disse não acreditar que a morte de José Eduardo dos Santos possa "provocar grandes sobressaltos em Angola", uma vez que o que o antigo presidente já estava "há bastante tempo (...) totalmente afastado da vida política e social" do país.
Sobre o legado do ex-presidente, o escritor disse ser "difícil esquecer que o Presidente José Eduardo dos Santos foi o principal responsável pelo início da grande corrupção em Angola".
Mas considerou ser "de justiça reconhecer" que, imediatamente após chegar ao poder, Dos Santos "tratou de pôr um ponto final no processo de perseguição e de crimes de Estado que Presidente anterior, Agostinho Neto, iniciou logo após a Independência" de Angola.
"José Eduardo dos Santos tratou de libertar a maioria dos presos políticos, sobretudo aqueles presos ligados ao processo de organização comunista de Angola e os chamados 'nitistas' e mais tarde acabou com a pena de morte. Então é justo reconhecer isso", afirmou.
E concluiu: "Não me parece que o José Eduardo dos Santos fosse um homem que gostasse de violência, mas a verdade é que ele esteve quase 40 anos no poder, um poder quase total. E durante esse tempo foram cometidos crimes muito graves, portanto, é impossível esquecer esse passado e essa herança".
PS evoca "agente decisivo" na construção da paz em Angola
O PS expressou o seu pesar pela morte do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que considerou ter sido um "agente decisivo" na construção da paz em Angola.
"José Eduardo dos Santos desempenhou um papel relevante na consolidação das relações entre Portugal e Angola e afirmou-se como um agente decisivo para a construção dos pilares da paz neste país, com o qual é partilhada uma forte proximidade histórica, linguística e cultural", lê-se num comunicado da direção nacional do PS.
Os socialistas endereçam ainda as suas "sinceras condolências" aos familiares, amigos e ao povo angolano neste "momento de luto e tristeza".
PSD destaca papel na consolidação da independência e construção da paz
O PSD enviou hoje as condolências à família e ao povo angolano pela morte do antigo presidente José Eduardo dos Santos, destacando o seu papel "na consolidação da independência" e "construção dos alicerces da paz e da unidade nacional".
Numa curta nota enviada às redações, o PSD manifestou pesar pela morte de José Eduardo dos Santos, que faleceu hoje aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, em Espanha, após semanas de internamento.
"O PSD envia à família, ao Povo e ao Estado Angolano, as condolências pelo falecimento do ex-presidente José Eduardo dos Santos, evocando, nesta hora de luto, o seu papel na consolidação da independência e na construção dos alicerces da paz e da unidade nacional", pode ler-se.
PCP recorda homem que venceu "sobre domínio colonial português"
O PCP transmitiu hoje as "sentidas condolências" ao MPLA e à população angolana pela morte do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, considerando que conduziu o país "à vitória sobre o domínio colonial português".
Em comunicado, o PCP "transmite ao Movimento Popular para a Libertação de Angola [MPLA] e ao povo angolano as sentidas condolências" pela morte de José Eduardo dos Santos.
Os comunistas recordam Eduardo dos Santos como um homem "que conduziu o povo angolano à vitória sobre o domínio colonial português" enquanto presidente do MPLA e que depois de ser eleito Presidente da República travou "duríssimos combates, com dificuldades e complexidades", pela defesa e consolidação da independência do país, e "contra a agressão imperialista e racista".
"Recordando a contribuição de José Eduardo dos Santos para o desenvolvimento das tradicionais relações de amizade e solidariedade entre o PCP e o MPLA, assim como para as relações entre o povo português e o povo angolano, o PCP reitera ao MPLA o seu sentido pesar e a sua solidariedade", lê-se no comunicado.
"Hoje também não podemos esquecer o ditador" - Chega
O presidente do Chega endereçou os seus sentimentos à família de José Eduardo dos Santos, mas considerou que o ex-Presidente de Angola foi "um ditador" e um dos "principais responsáveis pelo enorme empobrecimento do povo angolano".
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura apresentou os seus "sentimentos à família de José Eduardo dos Santos e também ao povo angolano" pela morte de José Eduardo dos Santos, aos 79 anos, após doença prolongada.
"Acompanhamos nesse sentido o luto da família e do povo angolano, que saudamos", afirmou.