Rangel: "Objetivos de segurança e defesa são conciliáveis com agenda social e económica de crescimento"
O ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou-se esta terça-feira alinhado com a visão do presidente do Conselho Europeu, António Costa, que afirmou à Renascença que não se deve substituir o investimento de coesão social por investimento em defesa, e acrescentou que ambos são conciliáveis.
“Os objetivos de segurança e defesa são perfeitamente conciliáveis com uma agenda social e económica de crescimento porque o que tem sido reiteradamente dito pelo primeiro-ministro é que o investimento a fazer em defesa, que é necessário, tem de ser feito de forma a dinamizar a economia. Se aproveitarmos esta necessidade de reforçar o setor da segurança e defesa em todos os países como oportunidade de crescimento económico, isso vai significar crescimento económico e recursos para garantir o funcionamento do estado social. Ao contrário do que alguns querem fazer crer, não existe nenhuma incompatibilidade entre o estado social e uma prioridade dada à defesa”, afirmou, à margem do Foro La Toja.
Questionado sobre o perigo de sobre-endividamento dos estados europeus se o investimento em defesa aumentar, Paulo Rangel reconheceu que tem de existir "prudência", mas salientou o sucesso do "caso português".
“Obviamente que temos de olhar com prudência para os investimentos que fazemos para garantir a sustentabilidade das finanças públicas. No caso português felizmente – e este Governo fez investimento social como mais nenhum –, tem-se provado que é possível ter superavit e investimento social. É importante o desagravamento fiscal para haver mais receita para se investir”, afirmou.
Sobre as tarifas dos Estados Unidos aos países da União Europeia, que este mês entram em vigor, o governante defende "uma resposta inteligente, hábil" por parte do bloco europeu.
“A Comissão Europeia tem sido extremamente prudente. Vamos aguardar. Penso que tem de ser uma resposta inteligente, hábil. Em alguns setores terá de ser dura, noutros terá de ser calibrada. Os efeitos são assimétricos, uns setores poderão ser mais atingidos do que outros. Subir tarifas nesta fase é negativo e implica uma contrarresposta, que também é negativa. Perde a economia mundial. Vamos tentar reverter esse processo. Lamentamos essa medida protecionista dos EUA”, vincou Rangel.
Questionado sobre a condenação a Marine Le Pen que a vai impedir de se candidatar às eleições presidenciais francesas de 2027, o chefe da diplomacia portuguesa diz que "aparentemente, é o estado de direito a funcionar", mas ressalvou que "há sempre recursos e o direito de criticar decisões judiciais". Sem se querer alongar sobre o tema, lembrou que é algo que "recentemente aconteceu também com o antigo presidente Sarkozy, até numa situação de saúde bastante complexa". "Faz parte da dinâmica e da vida política judicial francesa", salientou.