Prioridade da Ucrânia é controlar o espaço aéreo
O objetivo de Kiev para este ano é o controlo dos céus, no contexto da agressão militar da Rússia, segundo disse ontem o ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, que avisou que derrotar Moscovo vai levar tempo e exige ajuda do Ocidente. “Em 2024, a prioridade é expulsar a Rússia dos céus, porque quem controlar os céus determina quando e como termina a guerra”, disse Dmytro Kuleba, no Fórum Económico de Davos, na Suíça. “Derrotámo-los em 2022 em terra, derrotámo-los em 2023 no mar e estamos a concentrar-nos em derrotá-los no ar em 2024”, acrescentou.
De forma a cumprir este objetivo, Kuleba reiterou que o país vai precisar que o Ocidente forneça aviões (os F-16 devem ser entregues este ano) e mísseis de longo alcance - material bélico que os norte-americanos e os europeus só forneceram em quantidades muito reduzidas -, principalmente por receio de provocar a Rússia. “Para tal, será necessário fornecer à Ucrânia aviões (...), mísseis de longo alcance e drones, cuja produção a Ucrânia aumentou significativamente”, sublinhou o líder da diplomacia ucraniana.
A Ucrânia é alvo, quase todas as noites, de ataques com drones e mísseis lançados pela Rússia a partir do solo, do mar ou do ar. Graças aos sistemas de defesa fornecidos pelo Ocidente, as forças ucranianas conseguem abater a maioria destes dispositivos, mas Kiev avisou que vai ficar sem munições se europeus e americanos não lhe fornecerem mais material de guerra. “Estamos a lutar contra um inimigo muito poderoso, um inimigo muito grande, um inimigo que nunca dorme. É preciso tempo”, afirmou Kuleba.
Ontem, mas em Bruxelas, teve início a reunião do Comité Militar da NATO, com Rob Bauer, o presidente deste comité, a apelar a “toda a sociedade” para que apoie Kiev na luta pela sobrevivência e defesa da democracia. “A responsabilidade pela liberdade não recai apenas sobre os ombros dos que estão de uniforme”, afirmou o almirante neerlandês, defendendo que “precisamos que os atores públicos e privados mudem a mentalidade de uma era em que tudo era previsível, controlável, centrado na eficiência, para uma era em que tudo pode acontecer a qualquer momento”.
Para Bauer, esta guerra “nunca esteve relacionada com qualquer ameaça real à segurança da Rússia por parte da Ucrânia ou da NATO”, mas sim “ao facto de a Rússia temer algo muito mais poderoso do que qualquer arma física existente no mundo: a democracia”.
“Se os ucranianos puderem usufruir de direitos democráticos, não vai demorar muito para que os russos também os desejem”, acrescentou.
Bauer referiu ainda que ontem foi “o dia 693 de uma guerra que a Rússia pensou ser de três dias”. “A Ucrânia terá o nosso apoio durante todos os dias que se seguem. O resultado desta guerra vai determinar o destino do mundo”, afirmou.
com Agências