Primeiro carregamento de cereais já deixou o porto de Odessa
O primeiro carregamento de cereais ucranianos deixou o porto de Odessa na manhã desta segunda-feira, tal como previsto nos termos do acordo internacional com a Rússia, assinado em Istambul, anunciou o Ministério da Defesa turco.
"O navio Razoni deixou o porto de Odessa em direção ao porto de Tripoli no Líbano. A chegada a Istambul está prevista para 02 de agosto [terça-feira]. Continuará a sua viagem até ao seu destino após as inspeções realizadas em Istambul", acrescentou.
A Rússia e a Ucrânia assinaram acordos separados com a Turquia e as Nações Unidas, abrindo caminho para a Ucrânia - um dos principais celeiros mundiais - exportar 22 milhões de toneladas de cereais e outros produtos agrícolas que ficaram retidos nos portos do Mar Negro devido à invasão da Rússia.
Os acordos também permitem à Rússia exportar cereais e fertilizantes.
O navio de carga, com pavilhão da Serra Leoa, deve fazer uma escala em Istambul na terça-feira onde vai ser inspecionado antes de seguir viagem.
A carga tem como destino o Líbano, país que enfrenta uma grave crise económica e financeira.
"Hoje, a Ucrânia e parceiros dão mais um passo no sentido de prevenir a fome no mundo", disse o ministro ucraniano das Infraestruturas, Alexander Kubrakov.
O ministro disse ainda que o transporte de cereais também vai "ajudar" a Ucrânia.
"Desbloquear os portos garante pelo menos mil milhões de dólares à economia [ucraniana] e é também uma oportunidade para os planos do setor agrícola previstos para o próximo ano", adiantou o ministro do governo de Kiev.
Entretanto, o executivo da Turquia disse, através de um comunicado, que "outros navios" devem zarpar dos portos ucranianos e navegar em corredores seguros [no Mar Negro], tal como previsto no acordo de 22 de julho.
A Turquia não divulgou mais detalhes sobre os próximos carregamentos ucranianos.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, "saudou calorosamente" a saída do primeiro cargueiro com cereais ucranianos, no quadro do acordo que visou levantar o bloqueio russo no Mar Negro.
"O secretário-geral espera que este seja o primeiro de muitos navios comerciais, em conformidade com o acordo assinado e que vai trazer estabilidade e ajuda indispensáveis à segurança alimentar mundial, em particular nos contextos humanitários mais frágeis", considera a ONU em comunicado.
A retoma das exportações de cereais ucranianos, pela primeira vez depois da invasão da Rússia, em fevereiro, é "um alívio para o mundo", disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kouleba.
"É um dia de alívio para o mundo, em particular para os nossos amigos do Médio Oriente, da Ásia e de África, agora que os primeiros cereais ucranianos saíram de Odessa, após meses de bloqueio russo. A Ucrânia sempre foi um parceiro fiável e vai continuar assim se a Rússia respeitar a sua parte do acordo", disse o ministro através de uma mensagem difundida através da rede social Twitter.
A Presidência russa considerou "positivo" a saída do primeiro navio com cereais do porto ucraniano de Odessa, no sul da Ucrânia, salientando esperar que todas as partes cumpram os acordos assinados em Istambul.
"A saída do primeiro navio é algo positivo. Esperamos que todas as partes cumpram os acordos e que o mecanismo (de exportações) funcione de forma eficaz. É uma boa oportunidade para pôr à prova os mecanismos" assinados em Istambul pela Rússia, Ucrânia, Turquia e Nações Unidas, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.