Prigozhin: "Cidadãos receberam-nos com bandeiras da Rússia. Há muitos desiludidos por termos parado"

Líder do grupo Wagner revelou que a marcha travou a 200 quilómetros de Moscovo e que o objetivo não era fazer cair o governo de Putin. Alem disso, garante ter mostrado as falhas de segurança na Rússia e que não há qualquer acordo assinado com o governo russo.
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O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, revelou numa mensagem de áudio divulgada esta segunda-feira que a organização foi recebida com entusiasmo pelos cidadãos russos com que se cruzou durante a marcha que era suposto terminar em Moscovo e que muita gente ficou desiludido por não terem chegado à capital.

"Os cidadãos russos receberam-nos com bandeiras da Rússia e emblemas da Wagner. Há muitos desiludidos pelo facto de termos parado. Viam em nós apoio contra a burocracia e outros males que existem na Rússia", afirmou, assegurando que militares do Ministério da Defesa juntaram-se ao grupo Wagner e que o objetivo não passava por derrubar Putin.

"O objetivo era não provocar vítimas. O objetivo era responsabilizar pessoas que cometeram diversos erros na operação especial militar [na Ucrânia]. Os militares que nos viram e a sociedade civil apoiaram-nos. Parámos quando a 1.ª companhia de assalto começou a instalar e a fazer operações de reconhecimento, o que iria provocar sangue. Achámos que a nossa demonstração era suficiente e decidimos voltar para trás, não queríamos derramar sangue russo. Queríamos apenas demonstrar o nosso protesto, não derrubar o governo do país", explicou.

Prigozhin diz que a marcha foi levada a cabo para "salvar o grupo Wagner, que corria o risco de ser liquidado e assimilado pelo ministério da Defesa". "Não assinámos contrato com o ministério da Defesa. Poucos paramilitares da Wagner passaram para o ministério da Defesa", frisou.

O líder do grupo de mercenários revelou que a marcha avançou após ataques através de mísseis e helicópteros por parte das forças russas. "Morreram cerca de dez soldados da Wagner e muitos outros ficaram feridos. Aí foi decidido avançar. Fiz uma declaração de que nós de forma alguma queríamos agredir quem quer que fosse. Se fôssemos atacados é que iríamos responder. Durante toda a marcha, de 24 horas, uma coluna dirigiu-se para Rostov e outra para Moscovo. Não foi assassinado nenhum homem em terra. Lamentamos apenas que fomos atacar os meios aéreos, que mandavam bombas e mísseis contra nós. Durante um dia, fizemos 750 quilómetros. Faltavam 200 e poucos quilómetros até Moscovo. Durante esse tempo foram bloqueados todos os centros militares pelo caminho, mas não morreu ninguém", contou.

Para o travão na marcha foi decisivo o presidente da Bielorrússia, ​​​​​​Aleksandr Lukashenko. "Nesse momento Lukashenko apresentou-nos uma via para trabalho posterior para o grupo Wagner. As colunas voltaram para trás. A nossa marcha da justiça mostrou muitas coisas das quais tínhamos falado. Há problemas de segurança em todo o país. Bloqueámos aeródromos em todo o país", salientou.

Prigozhin garante que, se uma organização como a Wagner estivesse à frente das forças russas, a operação na Ucrânia "teria durado dias".

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