Presidente do Supremo Tribunal diz que destituição de Bolsonaro seria "um desastre"
O juiz Luiz Fux considera que "o Brasil tem de ouvir o povo e o povo é ouvido através dos seus representantes, que estão no Parlamento".
O juiz Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal do Brasil, disse que um possível julgamento de impeachment do Presidente, Jair Bolsonaro, seria "um desastre" para o país.
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O magistrado considera que, num cenário pós-pandémico, o país precisa de recuperar economicamente, atrair investidores e consolidar a democracia. "Penso que [um processo de impeachment] seria um desastre" para o Brasil, frisou Luiz Fux, numa entrevista publicada este domingo no jornal Estadão.
Desde que tomou posse, em 2019, Bolsonaro foi objeto de cerca de 70 pedidos de destituição, a maioria apresentados a propósito da gestão errática da pandemia provocada pelo novo coronavírus, que no Brasil regista cerca de 9,5 milhões de infetados e 231 mil mortes. A sua política ambiental tem sido também questionada.
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Fux salientou que "o Brasil tem de ouvir o povo e o povo é ouvido através dos seus representantes, que estão no Parlamento", mas insistiu que um julgamento de impeachment contra o presidente seria "desastroso".
O magistrado acrescentou que, historicamente, o impeachment é uma "situação política que também depende muito da mobilização social", que ainda não se verificou de forma maciça.
Nas últimas semanas tem havido algumas manifestações a apelar ao Congresso para abrir um processo de destituição contra Bolsonaro, mas não têm tido muita adesão.
De acordo com as últimas sondagens de opinião, o presidente do Brasil goza de um índice de popularidade de 30%, apesar da queda registada em janeiro, que coincidiu com a nova vaga de covid-19 e o fim dos subsídios governamentais para mitigar os efeitos da pandemia.
Ainda assim, a possibilidade de um processo de impeachment contra Bolsonaro já faz parte do debate social e político.
O próprio presidente reconheceu, nas suas redes sociais, que existem pressões para o levar a julgamento, embora tenha rapidamente minimizado o assunto e enviado uma mensagem aos seus opositores. "Se isso acontecer, iremos contra eles", advertiu Jair Bolsonaro.
De acordo com a Constituição, o líder da Câmara dos Deputados tem o poder exclusivo de avançar com um processo de impeachment contra um governante, cenário que parece estar mais distante, após a renovação das mesas diretivas do parlamento, agora lideradas por dois aliados de Bolsonaro.