A presidente do México, Claudia Sheinbaum, foi vítima de assédio sexual, na terça-feira, 4 de novembro, enquanto cumprimentava apoiantes no centro histórico da Cidade do México, a poucos metros do Palácio Nacional. O incidente, filmado por transeuntes, gerou ampla indignação no país e relançou o debate sobre a violência de género no espaço público.Nas imagens, vê-se um homem aproximar-se da chefe de Estado, colocar-lhe um braço sobre os ombros e tentar beijá-la no pescoço, enquanto a tocava sem consentimento. Só após alguns segundos é que um segurança interveio, afastando o agressor, que aparentava estar embriagado.. Em conferência de imprensa, Sheinbaum classificou o episódio como “lamentável” e confirmou que o homem foi detido e será processado. “Sofri este episódio lamentável de assédio sexual. O indivíduo aproximou-se de mim totalmente alcoolizado. Só depois de ver as imagens percebi o que realmente tinha acontecido”, afirmou.A presidente acrescentou que decidiu apresentar queixa formal. “Denuncio este acto porque, como mulher, sei que muitas mexicanas passam por situações semelhantes todos os dias. Se eu, sendo presidente, não o fizer, que mensagem estarei a passar às mulheres do meu país?”, questionou.Sheinbaum aproveitou para defender alterações legislativas que tornem o assédio sexual um crime de ação penal pública em todo o México e anunciou o lançamento de uma campanha nacional de respeito às mulheres.A ministra mexicana das Mulheres, Citlalli Hernández, também reagiu ao caso, condenando “a visão machista e a normalização da invasão do espaço e do corpo das mulheres”. “Repudiamos o ato que a nossa presidente sofreu. O assédio, o abuso e qualquer forma de violência contra as mulheres não podem ser ignorados nem minimizados - devem ser denunciados e combatidos”, escreveu nas redes sociais.De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi) do México, mais de 70% das mulheres mexicanas com mais de 15 anos já foram vítimas de algum tipo de violência — psicológica, física ou sexual. Organizações de direitos humanos alertam, contudo, que a subnotificação é elevada, estimando-se que mais de 90% dos casos não são denunciados.."Não vou falhar-vos". Claudia Sheinbaum faz história ao ser eleita como a primeira mulher presidente do México