A Ucrânia não perdeu tempo a fazer uso do levantamento de restrições não anunciado oficialmente por Washington, Londres e Paris em relação ao uso das suas armas. Depois dos mísseis balísticos norte-americanos atingirem um depósito de armamento na região russa de Briansk, mísseis de cruzeiro britânicos destruíram um posto de comando na região de Kursk, um alvo que teria também oficiais da Coreia do Norte. Os ucranianos criticaram a decisão do encerramento de algumas embaixadas - entre as quais a portuguesa - em Kiev, por contribuírem para a “tensão” e agradeceram pelo facto de os EUA terem sinalizado que irão transferir minas antipessoais..Segundo o site ucraniano Defense Express, o alvo de dez mísseis Storm Shadow foi um posto de comando militar subterrâneo junto de uma propriedade, que é oficialmente um sanatório, administrada pela presidência russa. O site diz ainda que pelas suas características, esse centro de comunicações deveria ter militares de alta patente, norte-coreanos incluídos. Por fim, esta página especializada em defesa e segurança explica que a variante utilizada estava equipada com ogivas especificamente concebidas para alvos como este (BROACH), ao explodir uma primeira carga para romper a estrutura e uma segunda munição de fragmentação para destruir o interior do alvo perfurado. .A Rússia, por seu turno, anunciou ter provocado pesadas baixas às forças ucranianas - mais de 400 em 24 horas só na região de Kursk, onde em agosto Kiev iniciou uma incursão. Nas últimas semanas, dizem os ucranianos, 50 mil militares russos e 11 mil norte-coreanos foram destacados para aquela região a norte da Ucrânia. O comissário para os direitos humanos do parlamento ucraniano, Dmytro Lubinets, acusou as forças russas de executar prisioneiros de guerra, sem no entanto se referir a um número específico. .Foi um dia de troca de acusações: a Coreia do Sul disse que os seus serviços secretos confirmaram o envio de armas norte-coreanas para serem usadas contra a Ucrânia. Os serviços secretos precisaram que a Coreia do Norte enviou artilharia de longo alcance, incluindo obuses autopropulsados de 170 mm e lançadores múltiplos de foguetes de 240 mm..A Ucrânia acusou a Rússia de estar a infligir uma operação de guerra psicológica de grande escala através de mensagens falsas que circulam nas redes sociais e atribuídas aos serviços secretos militares, as quais indicam um risco acrescido de ataques russos. “O país terrorista [Rússia] está a levar a cabo um ataque maciço de desinformação e psicológico contra a Ucrânia”, afirmaram os serviços de informações militares ucranianos (GUR). A contribuir para o clima de pânico na capital, conforme reportado pelo site Kyiv Independent, esteve a decisão de várias embaixadas, entre as quais a dos Estados Unidos e a de Portugal por receio de um ataque russo. Andri Kovalenko, chefe do serviço ucraniano de luta contra a desinformação, disse que os preparativos russos para bombardear a Ucrânia durante o inverno não devem constituir uma surpresa. “Estão a contar com mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos, bem como com drones, para esgotar as defesas aéreas. Estes planos não são inesperados, são conhecidos e foram antecipados”, disse. Já o presidente Zelensky disse que “o frenesim informativo com algumas mensagens de pânico transmitidas só beneficia a Rússia”..Por sua vez, o Kremlin acusou os Estados Unidos de pretenderem prolongar a guerra ao intensificarem o fornecimento de armas a Kiev. As declarações do porta-voz Dmitri Peskov deram-se na sequência de o The Washington Post ter noticiado que os EUA iriam reverter a política iniciada nos anos de Obama e entregar minas terrestres antipessoais à Ucrânia. “Os Estados Unidos estão totalmente empenhados em prolongar a guerra na Ucrânia e estão a fazer tudo o que podem para esse fim”, disse Peskov. Já Zelensky considerou as minas antipessoais “muito importantes” para travar o avanço do exército russo no leste do país. .No mesmo dia, a administração Biden anunciou mais um pacote de assistência militar à Ucrânia. São 275 milhões de dólares em munições para HIMARS e artilharia, drones e outros equipamentos.