MNE chama embaixador de Israel na sequência dos disparos contra delegação de diplomatas na Cisjordânia
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chamou esta quarta-feira o embaixador de Israel em Portugal na sequência dos disparos do exército israelita contra uma delegação de diplomatas de vários países, incluindo de Portugal e do Brasil, durante uma visita a Jenin, na Cisjordânia ocupada.
De acordo com uma nota enviada às redações, o Governo português lembra que este incidente "põe em causa o Direito Internacional".
"Portugal condena liminarmente o ataque do exército israelita à comitiva diplomática que visitou Jenin, na Cisjordânia", refere o MNE numa nota envida às redações, recordando que "na comitiva seguiam mais de 20 diplomatas e representantes de órgãos de comunicação social, entre eles, o Embaixador Frederico Nascimento, chefe da missão diplomática em Ramallah, que se encontra a salvo".
Por sua vez, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, exortou Israel a investigar os disparos do exército israelita contra a delegação de diplomatas.
"Apelamos a Israel para que investigue este incidente e também para que responsabilize os responsáveis", disse a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, numa conferência de imprensa realizada à margem da reunião dos chefes da diplomacia do bloco europeu e da União Africana, que decorre em Bruxelas.
Qualquer ameaça à vida de diplomatas é "inaceitável", declarou Kaja Kallas.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) já "lamentaram" o sucedido, alegando que a delegação saiu do percurso que tinha sido aprovado para a visita e passou para uma zona onde os militares não tinham sido informados da visita.
"Segundo a investigação inicial, a delegação desviou-se do caminho aprovado e entrou numa área onde não estava autorizada a estar. Os soldados das IDF que operavam na zona dispararam tiros de aviso para os afastar. Não foram registados ferimentos ou danos", indicaram as IDF em comunicado.
"As IDF lamentam a inconveniência causada", acrescentaram, dizendo ter entrado em contacto com os países relevantes e que iriam contactar pessoalmente os diplomatas para os informar do sucedido.
Pelo menos um diplomata português - além de outro brasileiro - estava entre uma delegação internacional de embaixadores que terá sido alvo de disparos por parte do exército israelita em Jenin, revelou a agência noticiosa palestiniana WAFA, indicando que ninguém ficou ferido.
A WAFA, que cita o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana (AP), partilhou imagens dos ataques, que tiveram como objetivo "intimidar", nas quais se veem pelo menos dois israelitas fardados a disparar na direção de um grupo de pessoas que estavam a dar entrevistas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, numa mensagem no X, "condena liminarmente o ataque do exército israelita à comitiva diplomática no campo de refugiados de Jenin". E diz que o ministro, Paulo Rangel, "transmitiu toda a solidaridade ao Embaixador português que integrava a comitiva e tomará as medidas diplomáticas necessárias".
O diplomata português seria o chefe de missão em Ramallah, Frederico Nascimento.
A agência palestiniana referiu que além dos diplomatas português e brasileiro, figuravam na delegação representantes da União Europeia (UE), Áustria, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Lituânia, Polónia, Reino Unido, Roménia, Rússia, Turquia, China, Canadá, México, Índia, Japão, Sri Lanka, Egito, Jordânia e Marrocos, bem como um número indeterminado de diplomatas de outros países.
*Com Lusa