Ponte da Crimeia atacada por drones marítimos ucranianos. Pelo menos dois mortos

"Foi difícil chegar à ponte, mas acabámos por conseguir", disse um representante dos serviços secretos ucranianos aos <em>media </em>da Ucrânia. A Rússia reage ao afirmar que Kiev é um "regime terrorista", lançando acusações contra os EUA e o Reino Unido.
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Drones marítimos ucranianos foram utilizados para o ataque desta madrugada contra a ponte da Crimeia, que teve de ser encerrada depois de ser atingida por várias explosões, avançou a agência de notícias ucraniana Ukrinform.

A agência de notícias estatal cita fontes não identificadas dos serviços secretos ucranianos (SBU) e da Marinha do país, duas componentes das forças de segurança ucranianas.

"Foi difícil chegar à ponte, mas acabámos por conseguir", disse um representante dos SBU citado pela Ukrinform, que salientou que a ponte é um alvo legítimo para a Ucrânia, uma vez que foi construída em território ucraniano ocupado.

De acordo com as mesmas fontes, o ataque terá sido realizado no domingo à noite por drones marítimos que se deslocaram à superfície da água e danificaram a estrutura

As autoridades russas reconheceram a existência de uma "emergência" na ponte e comunicaram a morte de dois civis.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, disse, entretanto, que o Kiev é responsável pelo ataque à ponte da Crimeia e acusa os EUA e o Reino Unido de estarem ao comando de um "Estado terrorista". ​​​​​

Rússia descarta, no entanto, aplicar medidas de segurança adicionais além do estado de emergência decretado hoje após o ataque à ponte da Crimeia que matou duas pessoas, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

"Até ao momento não se falou de outra medida", afirmou Peskov numa conferência de imprensa em que evitou especificar que tipo de resposta poderia a Rússia dar em relação ao ataque.

"Se virmos a questão em perspetiva, a resposta será conseguir todos os objetivos da operação militar especial (designação oficial russa da última invasão da Ucrânia que começou em 2021)", disse Peskov.

"Conhecemos a razão e sabemos quem está atrás deste ataque terrorista (...) o regime de Kiev matou uma família jovem: os pais de uma menina que ficou ferida na ponte da Crimeia e isto deve dizer-se para que todos saibam que tudo isto é obra do regime de Kiev", acusou Peskov, citado pela agência Interfax.

Afirmou ainda que o ataque foi executado alegadamente com armas enviadas pelos países aliados de Kiev, mas referiu que a Rússia não está a considerar romper definitivamente as relações diplomáticas com os Estados Unidos ou com o Reino Unido.

"Temos consciência da quantidade de informação que vem da NATO e de Washington para Kiev, de forma permanente (...) Nos momentos mais críticos são precisos canais de diálogo", explicou.

A AFP indicou, citando fontes de Kiev, que serviços especiais ucranianos e a Marinha de Guerra "estão envolvidos" no ataque da ponte da Crimeia levado a cabo por "drones navais".

"O ataque de hoje contra a ponte da Crimeia é uma operação especial do SBU e da Marinha", indicou a mesma fonte dos Serviços Ucranianos de Segurança (SBU), que não quis ser identificada.

As autoridades russas, que abriram um inquérito ao que consideraram um "ato terrorista", afirmaram que uma mulher e um homem que seguiam no seu carro morreram em consequência do ataque.

A filha do casal ficou ferida.

A agência de notícias ucraniana Ukrinform referiu anteriormente que "drones navais ucranianos foram utilizados no ataque desta madrugada contra a ponte da Crimeia", que teve de ser encerrada.

O trânsito na ponte da Península da Crimeia, território ucraniano anexado em 2014 pela Rússia, foi suspenso, mas as autoridades locais consideram que é possível que a circulação rodoviária venha a ser reposta ainda hoje.

A ponte, a mais longa da Europa, com 19 quilómetros, foi construída depois de a Rússia ter anexado a Crimeia, em 2014, e liga esta península do Mar Negro à Rússia.

Também com circulação ferroviária, a ligação é uma importante artéria de abastecimento para a guerra da Rússia na Ucrânia.

Em outubro do ano passado, um camião armadilhado explodiu nesta ponte, causando cinco mortos.

Notícia atualizada às 12:08

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