Políticos, profissionais de saúde e idosos: quem a Europa escolheu para levar a primeira vacina

Entre o nervosismo e o orgulho, foram estes os primeiros a receberem a vacina da Pfizer/BioNTech um pouco por toda a Europa.

A vacinação contra a covid-19 arrancou na maior parte dos países europeus este domingo (com algumas exceções logo no sábado) e em todos a escolha dos primeiros a receber a vacina foi simbólica.

Uns optaram por escolher os mais idosos, aqueles que têm sido os mais atingidos pela pandemia, para estarem na fila da frente para a vacinação, outros -- como Portugal, onde o primeiro vacinado foi António Sarmento, o diretor de infecciologia do hospital de São João, no Porto -- quiseram homenagear os profissionais de saúde, escolhendo médicos ou enfermeiras que trabalham diariamente com os doentes.

Em alguns casos, foram mesmo os políticos a dar o exemplo, para mostrar que não há nada a recear com a vacina da Pfizer/BioNTech, que aos poucos vai chegando aos quatro cantos da Europa.

Espanha

A primeira vacina em Espanha foi administrada a Araceli Rosario Hidalgo, de 96 anos, a mais idosa residente do lar de Los Olmos, em Guadalajara, na comunidade autónoma de Castela-Mancha. "Vamos ver se nos conseguimos ver livres deste vírus", disse aos jornalistas a mulher natural de Guadix (Granada), que tem dois filhos, quatro netos e um bisneto. Vive desde 2013 neste lar.

A enfermeira auxiliar Mónica Tapias, de 48 anos, que trabalha em Los Olmos há uma década, foi a segunda a ser vacinada, admitindo estar "muito nervosa". Mas também disse sentir "orgulho" por ser a primeira profissional de saúde a receber a vacina em Espanha. "O que queremos é que o máximo de pessoas recebam a vacina, porque já morreram muitas pessoas", indicou. "É uma pena que não tenha chegado a tempo para eles", referiu, encorajando todos a vacinarem-se.

Itália

Claudia Alivernini, uma enfermeira de 29 anos do Instituto Nacional para Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani, em Roma, foi a primeira a receber a vacina da Pfizer/BioNTech em Itália, no domingo.

"É com grande orgulho e um profundo sentimento de responsabilidade que levei a vacina hoje. Um pequeno gesto, mas um pequeno gesto fundamental para todos nós", disse aos jornalistas. "Hoje estou aqui como cidadã, mas acima de tudo como enfermeira, a representar a minha profissão e todos os profissionais de saúde que escolheram acreditar na ciência. Senti com as minhas mãos e vi com os meus próprios olhos a dificuldade de combater este vírus porque estive na linha da frente desde o início. Tem sido doloroso testemunhar as derrotas que este vírus causou", afirmou. "Hoje é o início do fim no que diz respeito à infeção, apesar de o caminho ainda ser longo", sublinhou em conferência de imprensa.

Ao mesmo tempo foi vacinada a professora Maria Rosaria Capobianchi, diretora laboratorial de virologia no instituto e a primeira a identificar o coronavírus em Itália.

França

Uma antiga empregada doméstica, Mauricette, de 78 anos, foi a primeira francesa a ser vacinada este domingo, no Hospital René-Muret, em Sevran, nos arredores de Paris. "Estou emocionada", disse a idosa, residente na unidade de cuidados continuados do hospital, dizendo ter sentido algum calor durante a vacinação.

A enfermeira Samira foi a responsável por administrar a vacina. "As vacinas são cuidados que fazemos todos os dias. Mas esta é a primeira de que todo o mundo fala. Não senti stress", contou aos jornalistas.

O cardiologista Dr. Jean-Jacques Monsuez, de 65 anos, foi o segundo a levar a vacina da Pfizer/BioNTech.

Bélgica

Os belgas começaram a vacinação esta segunda-feira e a honra de ser o primeiro coube a Jos Hermans, de 96 anos, o mais velho residente de um lar em Puurs, a vila onde é produzida a vacina da Pfizer/BioNTech.

"Sinto-me 30 anos mais novo agora", disse depois de receber a vacina, com os responsáveis a dizerem que foi escolhido porque ao longo da pandemia tem seguido sempre todas as medidas para prevenir a covid-19 e apoia totalmente a vacinação.

"Toda a gente precisa de ser vacinado, porque quando todos tiverem levado a vacina, estaremos livres novamente e os nossos filhos e netos vão poder visitar-nos", acrescentou.

Alemanha

Em Berlim, a primeira a ser vacinada foi Gertrud Haase, de 101 anos, ainda no sábado, véspera do arranque oficial da campanha. "O vírus é muito perigoso. Ouvimos falar e lemos sobre muitas mortes registadas em outros lares. Foi absolutamente terrível. É muito bom estar vacinada. É uma grande vantagem para os idosos", lembrou Gertrud.

Residente do lar Agaplesion Bethanien Sophienhaus, em Berlim, desde 2011, Gerturd disse não ter sentido a picada da agulha, apesar de ter admitido que tinha ficado nervosa nos dias anteriores à vacinação. No domingo, tinha previsto fazer o que faz todos os dias, dar uma caminhada.

Seguiram-se outros dois residentes do lar, também com mais de cem anos.

República Checa

O primeiro-ministro Andrej Babis e a veterana da II Guerra Mundial Emilie Repíková, de 95 anos, receberam as primeiras doses da vacina no Hospital Militar Central, em Praga. "Tivemos o pior ano da história moderna. A vacina é a esperança de uma vida normal", disse o chefe de governo, que disse querer dar o exemplo ao ser o primeiro a ser inoculado.

"A noite passada, nas notícias, vi uma mulher que foi entrevistada dizer que iria 'esperar pelo Babis' antes de ser ela própria vacinada. Esse medo é uma das razões pelas quais decidi servir de exemplo e ser vacinado publicamente no hospital porque claro que nas redes sociais há muitas notícias falsas a circular. Mas as pessoas não devem ter medo", disse.

Croácia

Branka Anicic, residente de 81 anos no lar de idosos de Tresnjevka, em Zagreb, foi a primeira a ser vacinada na Croácia. Aos jornalistas, depois de receber a vacina, disse estar muito feliz por o lar onde vive ter sido escolhido e por ela ter sido a primeira. "Vamos finalmente começar uma nova vida, espero que possamos fazer isso em breve", afirmou.

"A vacina veio mais rápido do que esperávamos. Está aqui e todos precisamos de a aceitar, pelo bem dos nossos amigos, da nossa família e de nós mesmos", acrescentou, explicando que também não sentiu a agulha. "Podemos voltar a socializar no lar, participar nas atividades, a apreciar os parques e as flores", referiu, dizendo que não tinha medo de receber a vacina.

Grécia

Efstathia Kambissiouli, enfermeira-chefe da unidade de cuidados intensivos do hospital Evangelismos, de Atenas, foi a primeira a receber a vacina contra a covid-19 na Grécia.

"Através de mim, todos os profissionais de saúde estão a ser homenageados e é o reconhecimento do nosso trabalho e do nosso contributo. Espero que uma nova página seja virada hoje, mas ainda temos muito caminho pela frente, temos que continuar a respeitar as medidas e trabalhar rapidamente para o nosso objetivo e quando formos todos vacinados, podemos recuperar as nossas vidas", afirmou.

"Sinto-me ótima, não tenho medo nem dúvidas. Já fui vacinada muitas vezes na minha vida", acrescentou.

No primeiro dia foi ainda vacinada a presidente grega, Katerina Sakellaropoulou, e o primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis. "Estamos a ser vacinados para mostrar que a vacina é segura e eficaz. Esperamos que, com o tempo, até os nossos concidadãos que suspeitam da vacinação fiquem convencidos que é a coisa certa a fazer", disse Mitsotakis.

Polónia

Alicja Jakubowska, enfermeira-chefe no Hospital de Assuntos Internos e Administração em Varsóvia, foi a primeira a receber a vacina na Polónia. "É uma armadura para nós, certo? Se queremos voltar ao normal, e todos queremos, temos que ser vacinados", afirmou, dizendo que mesmo aqueles que acham que não querem ser vacinados, que devem fazê-lo para o bem dos outros.

Jakubowska disse que o facto de ter sido escolhida para ser a primeira é uma homenagem para todas as enfermeiras. Enquanto recebia a vacina num braço, fazia o sinal de ok com a outra mão. Depois da enfermeira, seguiram-se se outros profissionais de saúde do mesmo hospital.

Roménia

A escolhida para receber a primeira vacina na Roménia foi a enfermeira Mihaela Anghel, de 26 anos, que em fevereiro cuidou do primeiro doente diagnosticado com covid-19 no país, no Hospital Matei Bals, em Bucareste. Foi neste mesmo hospital que começou a campanha de vacinação, este domingo.

"Espero sinceramente que seja o princípio do fim desta pandemia", disse aos jornalistas, acrescentando que não doeu receber a vacina. Questionada sobre a mensagem que queria deixar aos romenos, afirmou: "Digo-lhes que abram os olhos e venham ser vacinados, para nos podermos livrar deste peso que pesa sobre todos nós e que deixem de ficar à espera que eles ou algum dos seus entes queridos adoeça para perceberem que esta doença é verdadeira."

Bulgária

O ministro da Saúde, Kostadin Angelov, foi o primeiro a receber a vacina na Bulgária, junto com o chefe da equipa responsável pela resposta à pandemia no país, Ventislav Mutafchiyski, e um padre, Tihon Tiveriopolski, com o intuito de mostrar o apoio da Igreja Ortodoxa Búlgara à vacinação.

Hungria

A médica Adrienne Kertesz, do Hospital Central Del-Pest de Budapeste, foi vacinada logo no sábado, sendo a primeira a receber a vacina na Hungria. "Há muito tempo que estou à espera para receber a vacina, porque a minha capacidade de trabalhar em segurança e calmamente depende disso", disse ao canal de televisão M1.

Eslováquia

Vladimir Krcmery, um especialista em doenças infecciosas de 60 anos que é membro da comissão governamental que está a lidar com a pandemia, foi o primeiro a receber a vacina na Eslováquia, logo no sábado. Seguiram-se outros colegas, profissionais de saúde.

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