Polícia brasileira diz que Bolsonaro desviou 1,15 M€ em joias

Polícia brasileira diz que Bolsonaro desviou 1,15 M€ em joias

Ex-presidente pode ser acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bem público e ser condenado a um máximo de 25 anos por se ter apossado de itens oferecidos ao Brasil
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A Polícia Federal do Brasil (PF) afirma no relatório que fundamentou o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no caso das joias que houve um desvio de itens cujo valor de mercado chega a 6,8 milhões de reais, cerca de 1,15 milhões de euros. As joias em causa são duas esculturas, um colar, um par de brincos, um anel, três relógios e duas canetas em ouro oferecidas ao estado brasileiro pelo governo da Arábia Saudita.  

Para a PF, as provas apontam a existência “de uma associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais”.

Esses presentes eram entregues por autoridades estrangeiras, vendidos no estrangeiro, convertidos em dinheiro em espécie e incluídos no património pessoal de Bolsonaro sem utilização do sistema bancário formal, “com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”, continua o relatório das autoridades.

De acordo com a polícia, as investigações trouxeram indícios de que “os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro” retornaram para o património de Bolsonaro e da sua família por meio de lavagem de dinheiro, enquanto ele estava nos EUA, no início de 2023, meses depois de ter sido derrotado nas eleições presidenciais por Lula da Silva, ainda em 2022.

A PF afirma, aliás, que o dinheiro que se somou ao património do ex-presidente pela venda dos itens serviu para custear as despesas dele e da família nos EUA, no início de 2023.

“A utilização de dinheiro em espécie para pagamento de despesas quotidianas é uma das formas mais usuais para reintegrar o 'dinheiro sujo' à economia formal, com aparência lícita”, continuou a PF.

Ainda segundo a PF, as ordens para a venda das joias partiram diretamente de Bolsonaro para os seus auxiliares, de acordo com o depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro, pelo pai dele e por Osmar Crivelatti, ex-auxiliar do presidente.

"As declarações prestadas por Osmar Crivelatti, Mauro Cesar Lourena Cid e pelo colaborador Mauro Cesar Barbosa Cid corroboram os demais elementos de prova colhidos demonstrando, de forma inequívoca, que as esculturas douradas de um barco e uma palmeira, presentes entregues por autoridades estrangeiras, ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro, foram intencionalmente subtraídas do acervo público brasileiro,por determinação do ex-presidente para serem vendidas ilegalmente nos EUA", escreve a polícia.

Na última semana, Bolsonaro e mais 11 pessoas, entre as quais o seu ex-ajudante de ordens, dois dos seus advogados e o seu ex-ministro de Minas e Energia, foram indiciados na investigação sobre a venda de joias recebidas de presente pelo governo brasileiro. O ex-presidente é suspeito dos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bem público. A pena máxima possível, somando os três crimes, é de 25 anos de prisão.

No momento, a Procuradoria Geral da República avalia se a investigação da PF resulta em denúncia e se Bolsonaro se torna réu.

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