Pentágono ainda não viu mudança "concreta" na postura nuclear russa

Presidente Biden faz esta terça-feira (madrugada de quarta-feira em Lisboa) o seu primeiro discurso do Estado da União e a guerra na Ucrânia marcará presença.
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Os EUA revelaram ontem que ainda não detetaram qualquer mudança "concreta" na posição nuclear da Rússia, apesar de o presidente Vladimir Putin ter colocado as suas forças dissuasoras em alerta máximo, no contexto da invasão da Ucrânia. "Ainda estamos a monitorizar e a acompanhar a questão muito de perto", segundo um alto funcionário do Pentágono. "Não acredito que vimos nada de concreto como resultado de sua decisão. Pelo menos não por enquanto", referiu.

Reafirmando que a Rússia "nunca" foi ameaçada pela NATO, o Pentágono admite que é "difícil saber o que está por detrás" da ordem de Putin, mas considera que "o mero facto de evocar" ou "ameaçar" com o "uso de forças nucleares", sendo "inútil", representa ao mesmo tempo "uma escalada significativa". Washington diz por sua vez que não está a "escalar" a sua retórica, nem a alterar a sua própria postura, reiterando que já viu esta situação no passado de falsas ameaças da parte da Rússia para aumentar a tensão.

O presidente norte-americano, Joe Biden, faz esta terça-feira (já madrugada de quarta-feira em Lisboa) o seu primeiro discurso do Estado da União (o ano passado tinha acabado de tomar posse quando falou para as duas câmaras do Congresso, não sendo tecnicamente um Estado da União). A guerra na Ucrânia e a resposta de Washington à invasão russa deverão marcar presença, numa altura em que os EUA intensificam as sanções contra Moscovo.

O presidente norte-americano falou ontem com aliados e parceiros, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, para debater a "resposta unida contra a guerra injustificada e não provocada da Rússia contra a Ucrânia", indicou a Casa Branca, falando em "coordenar esforços para impôr custos severos e consequências para responsabilizar a Rússia". Os franceses indicaram que estão a ser preparadas mais novas sanções contra a Rússia. EUA e Canadá proibiram já todas as transações com o Banco Central russo.

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, revelou entretanto que 12 membros da missão receberam ordens de deixar os EUA até 7 de março. "São más notícias", afirmou, recusando dizer se era um dos afetados por esta medida, falando em "mais um passo hostil tomado pelo país anfitrião".

Washington confirmou a decisão, alegando que os expulsos estavam "envolvidos em atividades que não estavam de acordo com as suas responsabilidades e obrigações como diplomatas". A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, indicou que esta medida já estava a ser pensada há meses, porque os tais diplomatas estavam envolvidos em atividades de espionagem.

Washington deu entretanto ordens para que o pessoal não-essencial da embaixada em Moscovo deixe o país. "A capacidade do governo norte-americano de oferecer serviços de rotina, ou de emergência, a cidadãos americanos na Rússia é extremamente limitada", indicou o Departamento de Estado, que também alerta para o risco de "perseguição" por parte das autoridades russas.

Os EUA recomendaram também aos seus cidadãos que deixem a Rússia "imediatamente", avisando que as opções comerciais para sair do país estão a diminuir devido às sanções internacionais, que incluem o fecho do espaço aéreo de muitos países aos aviões russos.

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