Pelo menos oito mortos e 18 feridos em explosão numa cadeia da Birmânia
Morreram três trabalhadores da prisão e cinco civis. Dos 18 feridos a maior parte são civis, excetuando cinco que são funcionários do estabelecimento prisional. O estabelecimento prisional foi encerrado aos visitantes dos presos.
Pelo menos oito pessoas morreram e 18 ficaram feridas na sequência de uma explosão ocorrida esta quarta-feira numa prisão em Insein, Rangum, a maior de Myanmar e onde se encontra a grande parte dos presos políticos do regime militar vigente.
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According to eyewitnesses, some civilians were killed when military council troops fired their guns recklessly at the mailroom after parcel bomb explosion in the mailroom at the entrance to Insein Prison in Yangon at 9.33 am on October 19.#2022Oct19Couppic.twitter.com/KlIGIoDavm
A explosão foi registada às 09:40 (06:30 em Lisboa), perto de uma dependência onde o pessoal da cadeia recolhe as encomendas com comida e outros bens enviados aos reclusos pelos familiares.
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De acordo com um comunicado da junta militar, a sala onde ocorreu a detonação fica próxima da entrada principal do estabelecimento prisional, tratando-se de um ataque terrorista.
"O terrorista colocou a bomba dentro de uma das encomendas e provocou a explosão", refere o documento acrescentando que durante a evacuação do edifício foi encontrada "outra bomba dentro de um outro pacote e que foi desativada".
Na sequência da explosão morreram três trabalhadores da prisão e cinco civis.
A maior parte dos 18 feridos são civis, excetuando cinco que são funcionários do estabelecimento prisional.
Imagens do local mostram manchas de sangue e vidros partidos.
De acordo com o jornal independente birmanês Myanmar Now foram ouvidos disparos de armas de fogo após a explosão.
Os disparos foram feitos pelos guardas que se encontravam numa torre de vigilância e provocaram a fuga dos visitantes que se encontravam na entrada do edifício.
Outro testemunho, recolhido pela mesma publicação, indica que os guardas dispararam "de forma indiscriminada" contra a "população" e que as balas atingiram várias pessoas.
No comunicado oficial, a Junta Militar não refere os disparos de armas de fogo.
As autoridades encerraram o estabelecimento prisional aos visitantes dos presos.Na maior cadeia de Myanmar (antiga Birmânia), situada a norte da cidade de Rangum, encontram-se cerca de dez mil reclusos.
Segundo a imprensa local, o "ataque" não foi reclamado sendo que a Junta Militar anunciou que vai "tomar medidas contra os terroristas, de acordo com a lei".
Desde o golpe de Estado militar de fevereiro de 2021 que derrubou o governo democrático, vários grupos políticos da oposição optaram por recorrer à luta armada contra o regime no poder.
O autodenominado Governo de Unidade Nacional, leal à líder detida Aung Saan Suu Kyi criou as próprias Forças Armadas que costumam atuar nas zonas de fronteira.
A Associação de Assistência aos Presos Políticos, um grupo de defesa de direitos humanos birmanês, indica que, pelo menos, 2.367 morreram na sequência da repressão das autoridades militares e que mais de 12.600 pessoas foram presas de forma arbitrária.