Autoridades de Kharkiv denunciam ‘ataques repetidos’ russos, que atingem primeiro os civis e depois os socorristas. 
Autoridades de Kharkiv denunciam ‘ataques repetidos’ russos, que atingem primeiro os civis e depois os socorristas. EPA/SERGEY KOZLOV

Pelo menos 11 mortos na região de Kharkiv

Um centro recreativo nos arredores da cidade capital da região e aldeias fronteiriças foram os alvos russos. Ministro da Defesa britânico apela para Berlim enviar mísseis Taurus, e deputado francês quer fim da proibição do uso de armas francesas em território russo.
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Os ataques russos na região ucraniana de Kharkiv, no domingo, mataram pelo menos 11 pessoas e fizeram dezenas de feridos, segundo as autoridades da zona fronteiriça que enfrenta uma ofensiva terrestre das forças de Moscovo. Em Londres e em Paris houve apelos para uma mudança na atual doutrina que impede Kiev de fazer uso das armas ocidentais em território russo.

Seis pessoas, incluindo uma mulher grávida, foram mortas no ataque a um centro recreativo nos arredores da cidade de Kharkiv por um ataque de foguetes lançado a partir do território russo de Belgorod, informaram as autoridades ucranianas. Além disso, registaram 27 feridos e um desaparecido. “Entre os feridos encontra-se um agente da polícia e um paramédico de uma ambulância que foi em socorro da pessoas após o primeiro ataque”, declarou o Ministério Público local, que acusou as forças russas de “mais uma vez utilizarem a tática do ‘ataque repetido’... com o objetivo de matar civis, agentes da autoridade, médicos e socorristas”.
As autoridades registaram outro ataque na região de Kharkiv, onde as forças russas tentam capturar mais terreno. “Cinco civis foram mortos e nove ficaram feridos na sequência do bombardeamento das aldeias de Novoosynove e Kivsharivka com múltiplos lança-foguetes”, disse o governador Oleg Synegubov.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reagiu ao ataque, afirmando que a Rússia utilizou as suas armas para “aterrorizar as cidades e comunidades, para matar pessoas comuns”. Voltou a chamar a atenção para a “falta de vontade política dos líderes”aliados e pediu de novo duas baterias do sistema de defesa aérea Patriot para a segunda maior cidade ucraniana. “Irão mudar fundamentalmente a situação”, considerou.
O Estado-Maior da Ucrânia disse que os ataques russos na área de Kharkiv “abrandaram um pouco” no domingo, mas que “continuam as suas tentativas de romper as defesas perto de Vovchansk, Starytsya e Lyptsi”, enquanto nas últimas horas foram retiradas mais mil pessoas.

Noutra frente, o Estado-Maior, sem dar mais pormenores, diz ter destruído o draga-minas Krovovets, mais uma baixa na frota russa do Mar Negro.

Na guerra de drones, Moscovo afirmou ter abatido 61 drones durante a noite, a maioria dos quais sobre a região de Krasnodar, no sul. Seis drones caíram na área de uma refinaria em Slavyansk-em-Kuban, que suspendeu as operações. Uma fonte da defesa ucraniana disse que as suas forças tinham como alvo a refinaria e o aeródromo militar de Kushchyovsky. “Este é o segundo ataque de drones ao aeródromo militar de Kushchyovsky e à refinaria de Slavyansk nas últimas três semanas”, disse a fonte, que acrescentou que “vários aviões foram atingidos” bem como o complexo da refinaria. 

“Tabu injustificado”

Perante os avanços russos e a reconhecida falta de munições, armamento e recursos humanos da Ucrânia, o ministro da Defesa britânico Grant Shapps apelou para a Alemanha, isto é, para o chanceler Olaf Scholz, fornecer os mísseis de longo alcance Taurus. “Gostaria de ver todos os nossos parceiros, incluindo a Alemanha, que têm a capacidade de fornecer essas armas de longo alcance, mas que não permitem que sejam utilizadas na Crimeia, que faz parte da Ucrânia.”

Por outro lado, o presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia Nacional de França, Jean-Louis Bourlanges, criticou o “tabu injustificado” da proibição da Ucrânia atacar território russo com armas francesas e apelou para o seu país mudar essa doutrina. “Precisamos de sair do estado de espera e tomar uma decisão comparável à decisão dos britânicos e americanos”, afirmou o deputado. Mais recentemente, os Estados Unidos disseram não encorajar os ataques em território russo, mas que a Ucrânia deve decidir como travar uma guerra pela sua liberdade, enquanto o Reino Unido fez saber que a utilização de mísseis Storm Shadow pela Ucrânia era da responsabilidade de Kiev. 

Com AFP

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