Mais de três décadas depois de terem deixado de fazer parte da União Soviética, os três países do Báltico - Lituânia, Letónia e Estónia - dão este fim de semana mais um passo para enterrar esta herança, ao trocarem a rede elétrica russa pela da Europa Ocidental. Momento que será oficializado no domingo em Vilnius com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e os líderes dos três países. Até lá, um relógio digital de nove metros está em contagem decrescente no centro da capital lituana. “Trata-se de uma desconexão física do último elemento remanescente da nossa dependência do sistema energético russo e bielorrusso”, afirmou o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, numa entrevista recente à AP. “Estamos agora a eliminar a capacidade da Rússia de utilizar o sistema elétrico como ferramenta de chantagem geopolítica”, disse, por seu turno, à AFP o ministro da Energia lituano, Zygimantas Vaiciunas. As 16 linhas elétricas que ligavam os três países Bálticos à Rússia e Bielorrússia foram sendo desativadas ao longo dos anos, enquanto era criada uma nova rede que os ligava ao resto da União Europeia, incluindo os cabos submarinos no Mar Báltico que têm sido notícia nos últimos meses devido a atos de sabotagem.As linhas entre os países do Báltico e a Rússia que ainda funcionam serão desativadas uma a uma no sábado, com Lituânia, Letónia e Estónia a entrarem num período de 24 horas em que o seu sistema elétrico funcionará de forma isolada, para testar a sua frequência e níveis de potência. No domingo, os três países juntar-se-ão à rede europeia através de várias ligações com a Finlândia, a Suécia e a Polónia.Esta mudança de rede elétrica vem também acompanhada por receios de tentativas de a travar, através de ataques cibernéticos ou campanhas de desinformação. Nesse sentido, o operador da rede elétrica da Polónia, já tornou público que irá usar helicópteros e drones para patrulhar a ligação com a Lituânia. O presidente da Letónia, Edgars Rinkevics, garantiu que as autoridades estão em “alerta máximo” para fazer frente a quaisquer tipo de incidentes. Também a chefe do governo letão, Evika Silina, confirmou que “existem riscos”, mas assegurou que “os riscos estão identificados e existe um plano de contingência caso esses riscos se materializem”.