Efeitos do furacão Melissa na Jamaica
Efeitos do furacão Melissa na Jamaica EPA/Rudolph Brown

Países das Caraíbas fazem contas a destruição “sem precedentes” deixada pelo furacão Melissa

Melissa deixou um rasto de destruição nas Caraíbas e segue agora em direção às Bermudas, depois de provocar pelo menos 20 mortos no Haiti e devastar partes da Jamaica e Cuba.
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O furacão Melissa deixou um rasto de destruição nas Caraíbas e segue esta quinta-feira (30) em direção às Bermudas, depois de provocar pelo menos 20 mortos no Haiti e devastar partes da Jamaica e Cuba, onde comunidades inteiras ficaram reduzidas a escombros, descreve a agência France-Presse (AFP).

Segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC), o aviso de furacão foi retirado para as regiões central e sudeste das Bahamas, mas as autoridades continuam a alertar para riscos de inundações, quedas de energia e estradas intransitáveis.

“Sigam as instruções das autoridades locais. Podem precisar de permanecer abrigados mesmo após a tempestade devido a cabos elétricos caídos e inundações”, advertiu o NHC.

Cuba: milhares de desalojados e infraestruturas destruídas

Em Cuba, onde cerca de 735 mil pessoas foram evacuadas, o presidente Miguel Díaz-Canel descreveu os estragos como “extensos”. As províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantánamo foram as mais afetadas, num país já a braços com a pior crise económica em décadas.

Ruas inundadas, casas colapsadas e telhados arrancados são agora a paisagem comum no leste da ilha. A rede de comunicação móvel está interrompida em várias zonas.

Mariela Reyes, dona de casa de 55 anos em Santiago de Cuba, contou à AFP como o vento levou o teto da sua casa e o depositou a um quarteirão de distância: “Consegui salvar a televisão e alguns eletrodomésticos pequenos. Mas o resto... perdi tudo. Não é fácil perder o pouco que se tem.”

Jamaica: “devastação sem precedentes”

Na Jamaica, o primeiro-ministro Andrew Holness declarou o país “zona de desastre”. Estima-se que 25 mil pessoas estejam em abrigos. O coordenador da ONU, Dennis Zulu, descreveu o impacto como “uma devastação sem precedentes em infraestrutura, habitações e comunicações”.

Muitos locais continuam inacessíveis e o governo ainda não conseguiu confirmar o número total de vítimas.

O furacão Melissa igualou o recorde de 1935 como o mais intenso a atingir a Jamaica, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA.

Christopher Hacker, agricultor e empresário em Seaford Town, viu o seu restaurante e as plantações de banana arrasadas: “Tudo desapareceu. Vai demorar muito a recuperar disto”, disse à AFP.

Veja as fotos da passagem do furacão Melissa pelas Caraíbas:

Haiti: crianças entre as vítimas

No Haiti, o país mais pobre das Caraíbas, as cheias causadas pela passagem do furacão mataram pelo menos 20 pessoas, incluindo 10 crianças, e deixaram outras dez desaparecidas, informou o chefe da proteção civil, Emmanuel Pierre.

“Pessoas foram arrastadas pela água, casas desapareceram”, disse Steeve Louissaint, residente em Petit-Goâve, onde o rio Digue transbordou violentamente.

Apoio internacional e alerta climático

No Vaticano, o Papa Leão XIV enviou orações para as populaçãoes das zonas afetadas. Os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram já apoio logístico e financeiro. Londres prometeu 2,5 milhões de libras (cerca de 2,84 milhões de euros) em ajuda de emergência.

O secretário-executivo da ONU para as Alterações Climáticas, Simon Stiell, afirmou que tempestades desta dimensão são “um lembrete brutal da urgência em intensificar a ação climática global”.

“Estes fenómenos têm custos humanos e económicos massivos e estão a crescer de forma mais rápida e devastadora a cada ano”, sublinhou.

Enquanto o Melissa avança rumo às Bermudas como furacão de categoria 1, a região das Caraíbas tenta agora contabilizar perdas e começar a reconstruir o que a natureza levou em poucas horas.

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