Partido do presidente Vucic vence na Sérvia

Chefe de Estado não estava no boletim de voto, mas eleição era centrada nele. O deputado Seguro Sanches foi observador da OSCE.
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Cerca de 6,5 milhões de sérvios foram este domingo chamados às urnas para votar numas parlamentares antecipadas, nas quais se previa que o partido populista do presidente, Aleksandar Vucic, reforçasse o seu poder. Segundo os primeiros resultados, referentes a 60% dos votos, teve 46,6% - o equivalente a 129 dos 250 deputados. "Espero uma vitória esmagadora", tinha dito o presidente aos jornalistas durante o dia, insistindo que a Sérvia "tem um importante trabalho a fazer nos próximos anos".

Em jogo estavam também eleições autárquicas em algumas localidades, nomeadamente na capital, Belgrado, onde a oposição unida sob a candidatura do Movimento Sérvia Contra a Violência - formado após dois tiroteios no início do ano que desencadearam uma onda de protestos contra o governo - esperava uma surpresa e reclamou a vitória. A primeira-ministra, Ana Brnabic, avisava, contudo, que os votos ainda só tinham começado a ser contados. A nível nacional, o movimento teve 23,1%, equivalente a 64 deputados.

A oposição apostava numa participação elevada que pudesse representar uma mudança. "Espero que, no final do dia, tenhamos uma grande participação em Belgrado e por toda a Sérvia e que os eleitores tenham a liberdade de expressar a sua vontade", tinha dito Dobrica Veselinovic, um dos líderes do Movimento Contra a Violência.

O deputado socialista Jorge Seguro Sanches participou na missão da observação eleitoral da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). A missão esteve a fazer a observação das eleições parlamentares antecipadas, que decorreram em conjunto com eleições autárquicas, mas não destas últimas. "O processo tem estado a decorrer de uma forma absolutamente tranquila e calma, normal, digamos assim", disse este domingo o deputado ao DN, após ter estado em oito locais de voto.

Contudo, Seguro Sanches fala de algumas "características muito curiosas" da campanha na Sérvia. Nas eleições para eleger os 250 membros do Parlamento concorreram 18 partidos, sendo que aquele que era até agora o mais votado - e que estava bem colocado para repetir um bom resultado - era o SNS (sigla do Partido Progressista Sérvio), do presidente Vucic, de 53 anos, reeleito há apenas 18 meses.

"Agora o mais curioso: eles concorrem numa designação eleitoral que se chamava Aleksandar Vucic - a Sérvia Não Pode Parar. Ou seja, o presidente encabeça o nome da força política que concorre às eleições apesar de ele próprio não ser candidato", indicou o deputado. "É como se em Portugal o Presidente Marcelo desse nome a uma coligação agora para as legislativas", acrescentou. O presidente Vucic figura também em todos os cartazes - "há imensos, espalhados por todo o lado, enormes". E ele aparecia todos os dias em campanha na televisão, acrescentou o deputado. O presidente não figurava no boletim, mas toda a eleição estava centrada nele.

Os eleitores sérvios que vivem no Kosovo, não tendo sido possível chegar a um acordo para votarem nesta região, foram transportados de autocarro até ao Sul da Sérvia. Belgrado não reconhece a independência do Kosovo.

susana.f.salvador@dn.pt

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