"Parecia o 11 de Setembro", "Podia ter morrido com o pó". Relatos de sobreviventes do sismo
"Estava a tremer e senti-me zonzo." Foi assim que Sunan Kenkiat, de 31 anos, descreveu o momento em que o edifício em Bangkok, em cujo sistema de extinção de incêndios ele estava a trabalhar, começou a tremer, antes de colapsar devido ao sismo de magnitude 7.7 que atingiu a Tailândia, mas teve epicentro na visita Myanmar (antiga Birmânia).
O sobrevivente contou à CNN como "depois disso, peças de cimento começaram a cair e o tremor intensificou-se, por isso gritei a todos para correrem". Kenkiat ouviu então três estrondos e percebeu que o edifício ia colapsar. Com os olhos cheios de pó, o trabalhador começou "à procura dos meus colaboradores. As coisas ficaram caóticas, com todos a tentar sair." E recorda como "o meu corpo também estava coberto de pó branco". Só quando chegou ao exterior é que Kenkiat pensou como "se não tivesse conseguido evitar a placa de cimento, poderia ter morrido com o pó".
Três membros da equipa de Kenkiat ficaram presos dentro do edifício, não se sabendo ainda se sobreviveram.
Quem também sentiu o terramoto na capital da Tailândia foi Deborah Punmachet que contou à BBC como estava "na minha La-Z-Boy (uma cadeira reclinável) e de repente esta começou a abanar para cima e para baixo. Depois virou-se e eu bati com a cabeça numa mesa".
Já Krissada Sukosol Clapp, ator e cantor tailandês, explicou à SkyNews o momento em que teve de deixar o edifício onde se encontrava. "Estava mesmo aqui ao lado, noutro edifício. Desci as escadas a correr, havia muito fumo." Para a estrela pop, o som era "como um trovão, o fumo saia de todo o lado. Parecia o 11 de Setembro".
Apesar de o epicentro ter sido em Mandalay, a 575 km da antiga capital birmanesa, em Rangum o abalo foi fortemente sentido. Sirinya Nakuta contou à Reuters que estava no seu apartamento com os filhos quando a terra começou a tremer. "Nunca mais parava. Ouvi coisas a cair e atingiram-nos como se fossem pedras", explicou, tendo dito aos filhos: "Não podemos ficar, temos de sair de casa. Por isso corremos para a rua".
A Reuters também falou com residentes de Mandalay. Um deles, que preferiu não ser identificado, descreveu um cenário devastador. "Toda a cidade está destruída. As estradas estão danificadas. Houve edifícios que caíram. As linhas telefónicas estão com perturbações e não há eletricidade." O mesmo residente contou que o bairro de Sein Pan estava em chamas - "as pessoas estão sentadas na rua. Ninguém se atreve a voltar para dentro dos edifícios". A agência explica ainda não ter conseguido confirmar estas informações.
Até agora, as informações sobre a situação em Myanmar têm sido escassas, uma vez que desde o golpe de 2021, em que os militares reassumiram o poder, os meios de comunicação estão sob forte controlo do Estado. A Junta Militar ordenou a detenção de dezenas de jornalistas e, sobretudo nas zonas rurais, os serviços de internet são limitados, com os poucos relatos que surgem, muitas vezes mesmo assim através das redes sociais, a carecerem de confirmação.