Papa diz que "neste momento de doença", a guerra parece "ainda mais absurda"
O Papa Francisco escreveu uma carta ao diretor do jornal italiano Corriere della Sera, na qual afirma que "neste momento de doença" a guerra lhe parece "ainda mais absurda".
Internado desde 14 de fevereiro devido a uma pneumonia bilateral, o chefe da Igreja Católica reflete que "a fragilidade humana, de fato, tem o poder de nos tornar mais lúcidos sobre o que dura e o que passa, o que nos mantém vivos e o que nos mata". E diz que "talvez seja por isso que tantas vezes tendemos a negar limites e evitar pessoas frágeis e feridas: elas têm o poder de questionar a direção que escolhemos, como indivíduos e como comunidades".
Com data de 15 de março, esta carta é uma resposta a uma que o diretor do jornal italiano, Luciano Fontana, lhe escreveu durante este longo internamento e que foi agora divulgada pelo Vaticano e pelo jornal.
"Gostaria de o encorajar a si e a todos aqueles que dedicam o seu trabalho e inteligência a informar, através de ferramentas de comunicação que agora ligam o nosso mundo em tempo real, a sentirem a plena importância das palavras. Nunca são apenas palavras: são factos que moldam os ambientes humanos. Podem ligar ou dividir, servir a verdade ou usá-la para outros fins. Devemos desarmar as palavras, desarmar as mentes e desarmar a Terra", escreve o Papa, acrescentando que "há uma grande necessidade de reflexão, calma e consciência da complexidade".
Francisco lamenta que "enquanto a guerra só devasta comunidades e o meio ambiente, não oferecendo soluções para conflitos, a diplomacia e as organizações internacionais precisam de nova vida e credibilidade".
E afirma que "as religiões também podem aproveitar a espiritualidade dos povos para reacender o desejo de fraternidade e de justiça, a esperança de paz", e que "tudo isso requer compromisso, trabalho, silêncio e palavras".