Palavras duras contra a NATO eram tática de "negociação", diz Trump
Donald Trump disse esta terça-feira que os seus comentários que minimizavam o seu compromisso com a NATO eram apenas uma tática de negociação para conseguir que os países membros pagassem mais para a defesa coletiva da aliança.
Trump, que é candidato republicano à reeleição nas presidenciais dos EUA, critica regularmente a NATO, mas lançou o seu ataque mais extremo em fevereiro, dizendo que iria "encorajar" a Rússia a fazer o que entendesse com os países que não tivessem cumprido as suas obrigações financeiras perante a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Os comentários levaram o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, a exortá-lo a não "minar" a segurança coletiva dos membros.
A atitude do antigo presidente republicano em relação à NATO foi abordada numa entrevista à rede britânica GB News, quando o apresentador Nigel Farage observou que os críticos tinham apontado as suas observações sobre a Rússia para se oporem à reeleição do controverso magnata.
"Eles podem usá-la - não me interessa se a usam - porque o que estou a dizer é que é uma forma de negociação", disse Trump.
"Por que devemos proteger esses países que têm muito dinheiro e os Estados Unidos estavam a pagar pela maior parte da NATO?", questionou o ex-presidente dos EUA.
Trump, de 77 anos, há muito que se queixa da NATO, acusando os 28 membros europeus, em particular, de não fazerem a sua parte na despesa militar, dando por adquirido que podem contar com os Estados Unidos como escudo defensivo.
Mas nunca demonstrou compreender como funciona o financiamento da NATO, caracterizando-a erradamente como um clube que subsiste das quotas dos membros.
Em 2006, os países da NATO assumiram um compromisso vago - formalizado em 2014 - de gastar 2% do seu produto interno bruto na sua própria defesa, mas os membros não pagam quotas e não "devem" dinheiro à aliança para a defesa.
O valor de referência é voluntário e não há penalizações consagradas no tratado fundador da NATO para quem não o fizer.
"Penso que os Estados Unidos estavam a pagar 90% da NATO, o custo da NATO. Podia ser 100 por cento. Era a coisa mais injusta", disse Trump à GB News.
"E não se esqueçam, é mais importante para eles do que para nós. Nós temos um oceano entre alguns problemas, ok? Temos um oceano grande e bonito, e isso é mais importante para eles."
Para além da NATO, os aliados também estão preocupados com o apoio contínuo dos Estados Unidos à Ucrânia, visto como vital para sustentar o seu esforço de guerra contra a Rússia.
Trump - que muitas vezes se vangloria de que poderia acabar com a guerra de dois anos no seu primeiro dia de mandato - disse à GB News que seria capaz de negociar com o presidente russo Vladimir Putin.
"Dei-me muito bem com Putin... Isso é uma coisa boa, não é uma coisa má", disse ele.