O pai de Idan Shtivi, um cidadão português feito refém pelo Hamas a 7 de outubro de 2023, quer que Portugal exija que o grupo terrorista palestiniano devolva o seu filho e os outros 58 reféns (vivos e mortos) que estão ainda na Faixa de Gaza. E quer que o tema seja parte da campanha eleitoral. “Idan é um cidadão português. Devem exigir que ele seja devolvido. Não podem ter o vosso cidadão nos túneis do Hamas. Têm de exigir que seja libertado. Não é algo que podem aceitar”, disse Eli Shtivi numa conferência de imprensa em Lisboa, organizada pela Embaixada de Israel em Portugal.Um ano depois do ataque, a família foi informada pelas autoridades que Idan, um fotógrafo de 28 anos, foi morto logo nesse dia quando tentava fugir do Festival Nova, tendo o seu corpo sido levado para Gaza. Já a família de Tamir Nimrodi, que tinha apenas 18 anos, não sabe nada dele desde o 7 de Outubro. “Somos a única família em Israel que não tem uma pista”, conta o pai, Alon.Há vídeos que mostram o momento em que foi levado da base militar, onde era professor, não um soldado armado, sem sapatos nem os óculos sem os quais não consegue ver nada a dois metros. Os corpos de dois amigos foram encontrados nos túneis do Hamas, em dezembro de 2023, mas de Nimrodi, nem um sinal. Alon também pede ajuda aos portugueses e aos europeus para conseguir a libertação do filho, que tem cidadania alemã, além da israelita. “Hoje somos nós, amanhã podem ser vocês. Precisamos que os países europeus, que querem paz e tranquilidade, estejam connosco, com Israel. Para lutar para trazer todos os reféns de volta a casa”, afirmou.Questionado pelos jornalistas sobre se a decisão do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de retomar os ataques em Gaza e ocupar o território ajuda a ter o filho de volta, Alon recusa entrar em polémicas. “Não sou um político, não sou um militar. Sou um homem simples, um pai cuja vida foi devastada a 7 de Outubro. Não sei o que está certo ou errado. Só sei que há 59 reféns em Gaza que têm de regressar a casa. Hoje”, referiu. Contudo admite que os reféns “só podem voltar com um acordo”, apesar de estar em causa uma organização terrorista. “Um cessar-fogo trará os reféns. Até agora vimos que a maioria dos reféns que regressaram a casa voltaram de Gaza com um acordo de cessar-fogo”, lembrou.“Não temos um problema com os muçulmanos, temos um problema com o terrorismo. E, se não pararmos o Hamas, ele vem para a Europa”, avisa Alon. “Israel é uma barreira entre o terror e a Europa. Pensem no que aconteceria se não estivéssemos à frente. Mas estamos e vocês têm de nos ajudar, porque não querem ser os próximos,” disse.Salem Alatrash é beduíno, muçulmano e irmão de Muhammad Alatrash, um dos reféns do Hamas que desde o início sabem que foi morto no 7 de Outubro. Tinha 40 anos e 13 filhos. “Aos oito meses, o Exército mostrou-nos um vídeo dele a ser torturado”, contou através de um tradutor. “Um muçulmano não permite que estas coisas aconteçam”, disse, explicando que o Hamas pode ser muçulmano, mas o que faz nada tem a ver com o Islão. “Tem a ver com o Estado Islâmico.”Também Salem pede que seja feita pressão para a libertação dos reféns. “Quanto mais tempo as pessoas estão lá, mais estão a morrer. Não temos tempo, precisamos de trazer as pessoas vivas o mais rápido possível e as que estão mortas também, para serem enterradas”, disse.