“Os Caça-Comunistas”. Polícia do Brasil descobre grupo com preçário para matar
Uma lista com nomes de parlamentares e juízes do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) e uma tabela de preços cobrados para espiá-los ou executá-los foi encontrada pela Polícia Federal brasileira (PF) na posse de um suposto grupo de extermínio autodenominado Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos (C4).
A descoberta da PF ocorreu a meio da investigação à morte a tiro de Roberto Guarnieri, um advogado alegadamente intermediário num esquema de compra e venda de sentenças no Supremo Tribunal de Justiça, em dezembro de 2023, na cidade de Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso. Segundo as autoridades, mensagens no telemóvel de Guarnieri indicam que quem o executou foi o grupo C4, composto por militares ativos, militares na reserva e civis.
Os cinco detidos pela autoria, financiamento e execução deste crime, que envolvia uma sentença sobre terras avaliadas em cerca de 15 milhões de euros, integram, de acordo com a PF, a organização de espionagem e extermínio que cobrava pela execução de juízes do STF, senadores, deputados ou pessoas comuns, cerca de 40 mil, 23 mil, 15 mil ou oito mil euros respetivamente, segundo o preçário encontrado na investigação. Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, é um dos alvos do C4 mencionados nas notas do grupo.
“Externo o meu repúdio em razão da gravidade que representa à democracia a intimidação a autoridades no Brasil, com a descoberta de um grupo criminoso, conforme investigação da PF, que espia, ameaça e constrange, como se o país fosse uma terra sem leis. Que as autoridades competentes façam prevalecer a lei, a ordem e a competente investigação sobre esse fato estarrecedor trazido à luz”, reagiu Pacheco.
Outros documentos apreendidos pela PF demonstram que o C4, uma alusão a CCC, o Comando de Caça dos Comunistas, grupo de extermínio em atividade durante o período da ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1985, projetava a utilização de hackers e pessoas com experiência em ações de informações nas operações de espionagem, aluguer de imóveis temporários, material de disfarce, como perucas e bigodes falsos, e a contratação de prostitutas e prostitutos para servirem de isco.
Entre as armas usadas estariam, de acordo com a listagem, metralhadoras, munições, pistolas, lança-foguete, minas magnéticas e explosivos com detonação remota.
Correspondente em São Paulo