O procurador-geral de Istambul alegou esta terça-feira (11 de novembro) que o popular presidente da câmara da cidade, detido desde março e entretanto suspenso, é o fundador e líder de uma vasta rede de corrupção. Ekrem Imamoglu, considerado o principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan, foi oficialmente acusado de 142 crimes e caso seja condenado arrisca uma pena que pode ir dos 849 aos 2430 anos de prisão. O autarca e o seu Partido Republicano do Povo (CHP, na sigla original) negam os crimes, alegando que há motivos políticos por detrás das acusações - algo que o Governo tem rejeitado. Num documento com quase quatro mil páginas, o procurador Akin Gurlek acusa o presidente da câmara eleito em 2019 de formar e liderar uma organização criminosa, responsável por crimes de suborno, fraude e manipulação de concursos públicos, entre outros. Ao todo, esta rede criminosa envolve 407 pessoas e terá custado ao Estado turco 160 mil milhões de liras (cerca de 3,3 mil milhões de euros) nos últimos dez anos. O líder do CHP, Ozgur Ozel, disse que a acusação demonstrava que o caso contra Imamoglu era “totalmente político” e tinha como alvo o presidente da Câmara de Istambul por este ser o candidato presidencial designado pelo partido. “Isto não é uma acusação, mas um memorando com motivações políticas dos golpistas”, afirmou Ozel, classificando a repressão de que o CHP é alvo como um “golpe”. Erdogan não reagiu à acusação daquele que é visto como o seu principal rival.O procurador de Istambul pediu ainda a um tribunal superior que considere a ilegalização do partido (fundado pelo pai da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk), alegando que este beneficiou de fundos ilícitos e que as suas transações constituem “atos proibidos”. A detenção de Imamoglu, a 19 de março, desencadeou protestos (os maiores no país desde a revolta do parque Gezi, em 2013) que levaram a polícia a reprimir os manifestantes e a deter centenas de pessoas. Já depois de ser preso - está na prisão de Marmara - cerca de 15 milhões de pessoas (dos quais apenas 1,7 milhões membros do partido) votaram nas primárias do CHP para o designar como candidato às eleições presidenciais de 2028. Contudo, mesmo que estivesse em liberdade a sua candidatura seria complicada. Um dia antes de ser preso por corrupção, a Universidade de Istambul revogou o seu diploma por “erros óbvios”, sem dar mais pormenores. A Constituição da Turquia obriga os candidatos à presidência a ter educação superior. Na altura, Imamoglu prometeu lutar contra esta decisão. O currículo do autarca de 55 anos contava com um bacharelato em Administração de Empresas e um mestrado em Recursos Humanos..Quem é Ekrem Imamoglu, o homem que vai ser eleito opositor de Erdogan depois de ter sido preso?