O raro discurso em direto da Casa Branca foi proferido na quarta-feira à noite (17 de dezembro, madrugada de 18 de dezembro em Lisboa), mas acabou por conter a mesma mensagem de sempre dos últimos 11 meses. “Herdei uma confusão e estou a resolvê-la”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, voltando a culpar o antecessor Joe Biden pelos problemas dos norte-americanos. Ao mesmo tempo, elogiou a própria política económica e as tarifas - “a minha palavra favorita” - numa altura em que apenas 33% dos eleitores aprovam o que tem feito nesta área e a sua popularidade em geral não vai além dos 39% (ainda assim, um ponto acima da de novembro). Isto a menos de um ano das eleições intercalares, onde corre o risco de perder a maioria no Senado e na Câmara dos Representantes. O discurso, num ritmo acelerado, demorou cerca de 18 minutos, com referência a várias das suas alegadas conquistas - “alcançámos mais do que alguém podia imaginar” - e uma única novidade. Trump anunciou o pagamento de 1776 dólares (o ano da Declaração de Independência) a cada um dos 1,45 milhões de soldados norte-americanos. Um “dividento de guerreiro”, afirmou o presidente, dizendo que isso só foi possível por causa das tarifas e da Lei Grande e Bonita. Para os restantes americanos prometeu “um boom económico como o mundo nunca viu” - lembrando que os EUA vão receber o Campeonato do Mundo de Futebol em 2026 e os Jogos Olímpicos em 2028. E disse apoiar a proposta republicana (que ainda não passou no Congresso) para enviar dinheiro diretamente aos cidadãos para compensar os custos dos seguros de saúde, em vez de continuar a pagar os subsídios ligados ao Obamacare. .Trump instala placas biográficas depreciativas nos retratos de Biden e Obama.O discurso também teve os ataques já habituais contra a imigração. “Os imigrantes ilegais roubaram empregos americanos e encheram as urgências, recebendo assistência médica e educação gratuitas, pagas por vocês, os contribuintes americanos”, disse Trump, defendendo que “o que a administração Biden permitiu que acontecesse” aos EUA “nunca se poderá repetir”. E atacou novamente os imigrantes somalis, que acusa de terem “tomado conta da economia” do Minnesota e “roubado milhões e milhões de dólares” aos EUA. O presidente congratulou-se depois por haver uma “migração inversa” desde que chegou ao poder, “com os imigrantes a regressarem aos seus países de origem, deixando mais habitação e mais empregos para os americanos”. Quanto à política externa, insistiu que acabou com “oito guerras em dez meses, destruímos a ameaça nuclear iraniana e acabámos com a guerra em Gaza, trazendo a paz ao Médio Oriente pela primeira vez em 3000 anos”.Os democratas não pouparam críticas. “Foi um discurso desvairado, obviamente desligado da realidade e da verdade. Trump piorou as coisas para o povo americano”, afirmou o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries. Já o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, disse em comunicado que a retórica de Trump mostra que “vive numa bolha completamente desligada da realidade que os americanos comuns estão a ver e a sentir”..Trump fez o discurso do autoelogio: "Em 11 meses fomos do pior para o melhor"