"A subnutrição está a seguir uma trajetória perigosa na Faixa de Gaza, marcada por um pico de mortes em julho", afirmou a OMS em comunicado.Das 74 mortes relacionadas com a subnutrição registadas desde o início do ano, 63 ocorreram em julho, incluindo 24 crianças com menos de cinco anos, uma criança com mais de cinco anos e 38 adultos, informou a agência da ONU."A maioria destas pessoas foi declarada morta à chegada às unidades de saúde ou morreu pouco depois, com os seus corpos a apresentarem sinais claros de perda de peso grave".Esta crise "continua a ser totalmente evitável. O bloqueio deliberado e os atrasos no fornecimento de alimentos, cuidados de saúde e assistência humanitária em grande escala custaram muitas vidas", estimou a OMS.Na Cidade de Gaza, quase 20% das crianças com menos de cinco anos estão atualmente em desnutrição aguda, de acordo com a Organização, citando os seus parceiros do Cluster Global de Nutrição.E entre as crianças dos seis meses aos menos de cinco anos, a incidência de subnutrição aguda triplicou desde junho, fazendo da Cidade de Gaza a zona mais afetada no território palestiniano.Em Khan Younis e no centro do território estas taxas duplicaram em menos de um mês.Estes números, no entanto, estão "provavelmente subestimados devido às severas restrições de acesso e segurança que impedem muitas famílias de aceder a instalações de saúde", observou a OMS.Israel iniciou hoje uma "pausa tática" limitada nas suas operações militares para permitir que a ONU e as agências humanitárias lidem com uma crise alimentar cada vez mais alarmante.A OMS, no entanto, apelou a esforços sustentados para "inundar" a Faixa de Gaza com alimentos diversos e nutritivos e entregar urgentemente mantimentos de saúde a crianças e pessoas vulneráveis, bem como medicamentos e mantimentos essenciais."Este fluxo deve manter-se constante e irrestrito para apoiar a recuperação e evitar uma maior deterioração", enfatizou a agência da ONU sediada em Genebra.Segundo a OMS, durante as duas primeiras semanas de julho mais de 5.000 crianças com menos de cinco anos receberam tratamento ambulatório para a desnutrição — 18% das quais sofriam da forma mais ameaçadora, a desnutrição aguda grave (DGA).Em junho, 6.500 crianças já tinham sido tratadas para a subnutrição, o número mais elevado desde o início da guerra, em outubro de 2023.Em julho, foram hospitalizadas mais 73 crianças que sofriam de DGA com complicações médicas, em comparação com 39 em junho."Este aumento de casos está a sobrecarregar os quatro centros especializados no tratamento da malnutrição", enfatizou a OMS. Quanto às mulheres grávidas e lactantes, mais de 40% sofrem de desnutrição grave, de acordo com os dados do Cluster Global de Nutrição citados pela OMS."Não é apenas a fome que mata as pessoas, mas também a busca desesperada por alimentos. As famílias são forçadas a arriscar a vida por uma pequena quantidade de alimentos, muitas vezes em condições perigosas e caóticas", acrescentou a agência de saúde da ONU.