O padre, o argentino, o neto do ditador e 19 militares. Quem são os acusados de golpe ao lado de Bolsonaro

O padre, o argentino, o neto do ditador e 19 militares. Quem são os acusados de golpe ao lado de Bolsonaro

Relatório da Polícia Federal inclui 37 suspeitos de tentarem "abolir com violência o estado democrático de direito". Ex-presidente, que ainda responde por fraude em documento e desvio de joias milionárias, pode ser declarado réu e condenado apenas em 2025.
Publicado a
Atualizado a

Jair Bolsonaro é apenas o mais mediático dos 37 indiciados – considerados suspeitos – pela Polícia Federal (PF), na quinta-feira, 21, pelo planeamento de um golpe de estado, pela tentativa de abolir violentamente o estado democrático e pela preparação da captura e eliminação de Lula da Silva, que venceu as eleições de outubro de 2022 ao próprio Bolsonaro, Geraldo Alckmin, eleito vice de Lula, e Alexandre de Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) que tinha em mãos os processos que levaram a este.     

Os próximos passos jurídicos contra Bolsonaro passam pela aprovação do relatório da PF pela Procuradoria-Geral da República, o que o tornará (ou não) réu, e, depois, pela condenação (ou absolvição) pelo STF – esses dois passos devem ocorrer já em 2025. 

Em caso de condenação, os juristas ouvidos na imprensa brasileira falam em penas em torno de 20 anos de prisão. Bolsonaro, entretanto, já foi dado como inelegível por oito anos noutro caso e é ainda investigado num processo por fraude em cartões de vacina e num outro por desvio de joias milionárias.

Neste especificamente do golpe de estado, além do ex-presidente, constam entre os restantes 36 indiciados quatro ex-ministros, o general Braga Netto, que foi titular da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro nas eleições perdidas em outubro de 2022 para Lula; o general Augusto Heleno, que foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o general Paulo Sérgio Nogueira, que foi comandante do exército e ministro da Defesa, e Anderson Torres, o ministro da Justiça do governo anterior, em cuja casa foi encontrada a “minuta do golpe”, um passo a passo do golpe de estado que deu azo ao aprofundamento destas investigações.

Há ainda assessores próximos de Bolsonaro, como Filipe Martins, assessor de Assuntos Internacionais da presidência que chegou a ser acusado de fazer gesto supremacista branco em audiência no Congresso, Tércio Arnaud, membro do chamado Gabinete do Ódio, grupo que difundia fake news contra adversários políticos, e Mauro Cid, em cujo telemóvel estavam as mensagens, apagadas por ele mas recuperadas pela polícia, que levaram à descoberta do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que visava envenenar Lula e Alckmin e explodir Alexandre de Moraes.

Os detidos na terça-feira, 19, por prepararem essas execuções, incluindo o líder do grupo, general Mário Fernandes, também constam do relatório, que tem um total de 19 militares.  

Estão incluídos na lista também Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, diretor do serviço de inteligência no governo anterior e candidato derrotado à prefeitura do Rio de Janeiro nas municipais do mês passado.

Há ainda um padre, José de Oliveira e Silva, citado como membro do “núcleo jurídico” do esquema, o neto, Paulo Figueiredo, do último ditador, João Batista Figueiredo, antes da redemocratização do país, membro do núcleo de incentivo à adesão de mais militares ao golpe, e até o argentino Fernando Cerimedo, “marqueteiro” oficial de Javier Milei, presidente da Argentina, membro do grupo que disseminava notícias falsas.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt