"Não esqueceremos". Hamas "não perdoará" o sofrimento em Gaza
O principal negociador do Hamas, Khalil al-Hayya, realçou esta quarta-feira, após o anúncio de cessar-fogo, que o movimento islamita "não perdoará" o sofrimento vivido pelos palestinianos durante a guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza.
"Não esqueceremos e não perdoaremos", frisou o líder do movimento sediado no Qatar sobre o "sofrimento" infligido ao povo palestiniano pela guerra entre o Hamas e Israel, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamista em Israel e que dura há mais de quinze meses, durante os quais mais de 46.700 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza.
O Hamas já tinha referido, em comunicado, que o acordo de cessar-fogo em Gaza foi o resultado da "tenacidade" do povo palestiniano e da "valente resistência" do movimento islamista.
O acordo abriu "o caminho para a concretização de as aspirações do [seu] povo pela libertação", sublinhou ainda.
Países árabes pedem respeito pela trégua e início da reconstrução de Gaza
Vários países árabes saudaram hoje o acordo entre Israel e o Hamas para um cessar-fogo em Gaza e para a libertação de reféns, instando as partes a cumpri-lo e a comunidade internacional a iniciar a reconstrução do enclave.
O ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, Abdullah Bin Zayed, enfatizou, em comunicado, "a necessidade de ambos os lados cumprirem os acordos e compromissos alcançados para pôr fim ao sofrimento dos prisioneiros palestinianos e dos reféns israelitas".
Reiterou ainda a posição firme dos Emirados sobre a necessidade de "entregar urgente e sustentavelmente ajuda humanitária aos necessitados e permitir o seu fluxo por todos os meios e sem obstáculos", com o objectivo de pôr fim às condições humanitárias críticas que os civis enfrentam há mais de 15 meses.
O seu homólogo jordano, Ayman al-Safadi, apelou à comunidade internacional para lançar uma operação imediata para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e enfatizou a importância de lançar um esforço real para reconstruir o enclave palestiniano.
Ambos os líderes concordaram também em exigir novos esforços para consolidar a criação de um Estado Palestiniano independente, com Jerusalém Oriental como capital, com base na solução de dois Estados "para viver em segurança e paz ao lado de Israel" e "como a única forma de alcançar a paz".
Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita sublinhou "a necessidade de respeitar o acordo e pôr fim à agressão israelita contra Gaza, bem como a retirada completa das forças de ocupação israelitas da Faixa e de todos os outros territórios palestinianos e árabes, e o regresso das pessoas deslocadas para as suas regiões".
A Arábia Saudita espera que este acordo "ponha definitivamente fim a esta brutal guerra israelita que já custou a vida a mais de 45 mil mártires e deixou mais de 100 mil feridos".
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, apelou também hoje para que seja acelerada a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza para "lidar com a situação catastrófica" no enclave palestiniano, depois do acordo para um cessar-fogo.
Também a Turquia mostrou satisfação pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza hoje alcançado e o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, destacou que "a ajuda humanitária deve começar imediatamente" e que "o importante é que agora dois milhões de pessoas possam regressar a casa", acrescentou, referindo-se aos palestinianos deslocados devido aos combates na Faixa de Gaza.
Fidan lamentou as "atividades diplomáticas que deram mais tempo a Israel", prolongando a guerra em que, segundo ele, "já morreram 50.000 pessoas, a maioria civis".
O primeiro-ministro do Qatar confirmou o acordo, após 15 meses de conflito, avançando que a trégua deverá entrar em vigor no domingo.
O anúncio de Mohammed bin Abdulrahman Al Thani ocorreu em Doha, capital do Qatar, país mediador e que tem acolhido as negociações minuciosas indiretas que decorrem há várias semanas.
Mohammed bin Abdulrahman Al Thani referiu que o acordo alcançado abre o caminho para dezenas de reféns israelitas regressarem a casa, confirmando a libertação de 33 reféns israelitas durante a primeira fase da trégua na Faixa de Gaza.
O governante especificou que a primeira fase da trégua tem uma duração prevista de 42 dias.
O acordo também permitirá a entrada da ajuda humanitária no território.