Milícias venezuelanas assistem num ecrã gigante à tomada de posse de Maduro.
Milícias venezuelanas assistem num ecrã gigante à tomada de posse de Maduro.EPA/MIGUEL GUTIERREZ

Maduro toma posse e EUA sobem para 25 milhões de dólares recompensa pela sua captura

Cerimónia decorreu na Assembleia Nacional venezuelana. Oposição, que denunciou o "golpe de Estado", reclama a vitória de Edmundo González, que prometeu regressar esta sexta-feira à Venezuela após meses no exílio. María Corina Machado fala a partir das 18.00 de Lisboa.
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Nicolás Maduro já prestou juramento como presidente da Venezuela, numa cerimónia na Assembleia Nacional, apesar da contestação da oposição que reivindica a vitória nas eleições de 28 de julho de Edmundo González e denuncia um "golpe de Estado".

Os EUA anunciaram, entretanto, ter aumentado para 25 milhões de dólares (o máximo do ponto de vista legal) a recompensa por informações que possam levar à sua captura, assim como do seu ministro do Interior, da Justiça e da Paz, Diosdado Cabello, e oferecerem 15 milhões pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

"Juro pelo histórico, nobre e aguerrido povo da Venezuela e diante deste Constituição que farei cumprir todos oa mandatos, inauguro o novo período de paz, prosperidade e a nova democracia", afirmou diante do presidente da Assembleia, Jorge Rodríguez.

Os únicos dois líderes estrangeiros presentes na cerimónia foram o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o da Nicarágua, Daniel Ortega.

Maduro, que fez o juramento com a mão num exemplar da Constituição assinado pelo seu antecessor, o falecido Hugo Chávez. "Cumprimos com esta Constituição, a Constituição que nasceu das nossas mãos, do homem e da mulher comuns", afirmou no seu discurso.

"Hoje podemos dizer que esta Constituição é vencedora e que Venezuela está em paz. Este ato realiza-se com uma Venezuela em paz", acrescentou, comprometendo-se a continuar a avançar, "acompanhando sempre a força do furacão do povo vitorioso".

"O poder que represento e exerço pertence ao povo e eu devo-me a ese povo", referiu Maduro. "Não fui, nem nunca serei, um presidente da oligarquia. Tenho um só chefe e obedeço à força do povo", insistiu.

"Ninguém neste mundo vai impor um presidente à Venezuela. Não conseguiram nem conseguirão", indicou, acusando a oposição e a extrema-direita liderada pelo presidente argentino, Javier Milei, junto com o "império norte-americano", de "converter o juramento presidencial numa guerra mundial com ameaças de invasões".

Maduro toma posse para mais seis anos sem ter mostrado, como exigia a comunidade internacional, as atas eleitorais. Foi proclamado vencedor das presidenciais de 28 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral, que está sob o controlo do regime.

A oposição, com base em cerca de 85% das atas eleitorais, reclama a vitória de Edmundo González, sendo esta conclusão validada por várias instituições internacionais.

González prometeu regressar

González prometeu regressar esta sexta-feira à Venezuela após meses no exílio em Espanha e depois de um dia de contestação, durante o qual a líder opositora, María Corina Machado, saiu da clandestinidade e foi detida durante algumas horas.

Milícias venezuelanas assistem num ecrã gigante à tomada de posse de Maduro.
Venezuela. Corina Machado detida por umas horas após desafiar Nicolás Maduro na véspera da tomada de posse

"Estou à espera que chegue, estou nervoso", brincou Maduro no discurso durante a cerimónia de posse, em relação a González.

Corina Machado, segundo a sua equipa, foi "violentamente intercetada" à saída da manifestação em Chacao, Caracas, na quinta-feira. "Efetivos do regime dispararam contra as motos que a transportavam", indicaram.

Horas depois, a líder opositora acabaria por ser libertada, publicando ela própria no X que já estava bem. "Estou agora num lugar seguro e com mais determinação do que nunca de continuar junto a vocês até ao fim", escreveu, prometendo contar esta sexta-feira o que aconteceu.

A sua equipa já anunciou que falará ao país às 14.00 (18.00 em Lisboa).

A Plataforma Unitária Democrática denunciou entretando "golpe de Estado" de Maduro. "Com a usurpação do poder por parte de Nicolás Maduro da presidência da República, apoiado pela força bruta e desconhecendo a soberania popular expressa, contundentemente, no passado dia 28 de julho, consumou-se um golpe de Estado contra os direitos do povo venezuelano", indicou num comunicado do X.

Mais sanções

Além de ter aumentado a recompensa por informações que permitam a captura de Maduro, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou mais oito venezuelanos que lideram "importantes agências económicas e de segurança, permitindo a repressão e a subversão da democracia na Venezuela por Nicolás Maduro".

"Os Estados Unidos, junto com os nossos parceiros com ideias semelhantes, estão solidários com o voto do povo venezuelano para uma nova liderança e rejeitam a alegação fraudulenta de vitória de Maduro", indicou o subsecretário do Tesouro interino para o Terrorismo e Inteligência Financeira, Bradley T. Smith.

Também a União Europeia renovou as sanções contra a Venezuela, incluindo medidas de proibição de viajar que tinham sido suspensas a quatro indivíduos para "promover a organização de eleições inclusivas, credíveis e competitivas" e acrescentou 15 novos nomes à sua lista de sanções.

"Esta decisão eleva para 69 o número total de indivíduos sujeitos a sanções", anunciou o Conselho Europeu.

"A UE apoia o povo da Venezuela na sua defesa da democracia. Maduro não tem qualquer legitimidade democrática. As novas sanções europeias visam indivíduos que minam a democracia e os direitos humanos. Vamos continuar a trabalhar com todos os venezuelanos para uma solução democrática para a crise", escreveu a alta-representante da UE para os Assuntos Externos e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas.

Também o Reino Unido aprovou novas sanções contra 15 pessoas vinculadas ao governo venezuelano.

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