Maduro toma posse e EUA sobem para 25 milhões de dólares recompensa pela sua captura
Nicolás Maduro já prestou juramento como presidente da Venezuela, numa cerimónia na Assembleia Nacional, apesar da contestação da oposição que reivindica a vitória nas eleições de 28 de julho de Edmundo González e denuncia um "golpe de Estado".
Os EUA anunciaram, entretanto, ter aumentado para 25 milhões de dólares (o máximo do ponto de vista legal) a recompensa por informações que possam levar à sua captura, assim como do seu ministro do Interior, da Justiça e da Paz, Diosdado Cabello, e oferecerem 15 milhões pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino.
"Juro pelo histórico, nobre e aguerrido povo da Venezuela e diante deste Constituição que farei cumprir todos oa mandatos, inauguro o novo período de paz, prosperidade e a nova democracia", afirmou diante do presidente da Assembleia, Jorge Rodríguez.
Os únicos dois líderes estrangeiros presentes na cerimónia foram o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o da Nicarágua, Daniel Ortega.
Maduro, que fez o juramento com a mão num exemplar da Constituição assinado pelo seu antecessor, o falecido Hugo Chávez. "Cumprimos com esta Constituição, a Constituição que nasceu das nossas mãos, do homem e da mulher comuns", afirmou no seu discurso.
"Hoje podemos dizer que esta Constituição é vencedora e que Venezuela está em paz. Este ato realiza-se com uma Venezuela em paz", acrescentou, comprometendo-se a continuar a avançar, "acompanhando sempre a força do furacão do povo vitorioso".
"O poder que represento e exerço pertence ao povo e eu devo-me a ese povo", referiu Maduro. "Não fui, nem nunca serei, um presidente da oligarquia. Tenho um só chefe e obedeço à força do povo", insistiu.
"Ninguém neste mundo vai impor um presidente à Venezuela. Não conseguiram nem conseguirão", indicou, acusando a oposição e a extrema-direita liderada pelo presidente argentino, Javier Milei, junto com o "império norte-americano", de "converter o juramento presidencial numa guerra mundial com ameaças de invasões".
Maduro toma posse para mais seis anos sem ter mostrado, como exigia a comunidade internacional, as atas eleitorais. Foi proclamado vencedor das presidenciais de 28 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral, que está sob o controlo do regime.
A oposição, com base em cerca de 85% das atas eleitorais, reclama a vitória de Edmundo González, sendo esta conclusão validada por várias instituições internacionais.
González prometeu regressar
González prometeu regressar esta sexta-feira à Venezuela após meses no exílio em Espanha e depois de um dia de contestação, durante o qual a líder opositora, María Corina Machado, saiu da clandestinidade e foi detida durante algumas horas.
"Estou à espera que chegue, estou nervoso", brincou Maduro no discurso durante a cerimónia de posse, em relação a González.
Corina Machado, segundo a sua equipa, foi "violentamente intercetada" à saída da manifestação em Chacao, Caracas, na quinta-feira. "Efetivos do regime dispararam contra as motos que a transportavam", indicaram.
Horas depois, a líder opositora acabaria por ser libertada, publicando ela própria no X que já estava bem. "Estou agora num lugar seguro e com mais determinação do que nunca de continuar junto a vocês até ao fim", escreveu, prometendo contar esta sexta-feira o que aconteceu.
A sua equipa já anunciou que falará ao país às 14.00 (18.00 em Lisboa).
A Plataforma Unitária Democrática denunciou entretando "golpe de Estado" de Maduro. "Com a usurpação do poder por parte de Nicolás Maduro da presidência da República, apoiado pela força bruta e desconhecendo a soberania popular expressa, contundentemente, no passado dia 28 de julho, consumou-se um golpe de Estado contra os direitos do povo venezuelano", indicou num comunicado do X.
Mais sanções
Além de ter aumentado a recompensa por informações que permitam a captura de Maduro, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou mais oito venezuelanos que lideram "importantes agências económicas e de segurança, permitindo a repressão e a subversão da democracia na Venezuela por Nicolás Maduro".
"Os Estados Unidos, junto com os nossos parceiros com ideias semelhantes, estão solidários com o voto do povo venezuelano para uma nova liderança e rejeitam a alegação fraudulenta de vitória de Maduro", indicou o subsecretário do Tesouro interino para o Terrorismo e Inteligência Financeira, Bradley T. Smith.
Também a União Europeia renovou as sanções contra a Venezuela, incluindo medidas de proibição de viajar que tinham sido suspensas a quatro indivíduos para "promover a organização de eleições inclusivas, credíveis e competitivas" e acrescentou 15 novos nomes à sua lista de sanções.
"Esta decisão eleva para 69 o número total de indivíduos sujeitos a sanções", anunciou o Conselho Europeu.
"A UE apoia o povo da Venezuela na sua defesa da democracia. Maduro não tem qualquer legitimidade democrática. As novas sanções europeias visam indivíduos que minam a democracia e os direitos humanos. Vamos continuar a trabalhar com todos os venezuelanos para uma solução democrática para a crise", escreveu a alta-representante da UE para os Assuntos Externos e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas.
Também o Reino Unido aprovou novas sanções contra 15 pessoas vinculadas ao governo venezuelano.