Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.EPA/RONEN ZVULUN / POOL

Netanyahu quer “levar trabalho até ao fim” e anuncia grande ofensiva sobre a cidade de Gaza "muito em breve"

O primeiro-ministro israelita não abdica do domínio de Gaza até conseguir desarmar o Hamas. Desmentiu estratégia de fome e culpabilizou o Hamas por propaganda que está a influenciar países ocidentais.
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Benjamin Netanyahu garantiu este domingo, 10 de julho, que pretende “levar o trabalho até ao fim”, manter o domínio sobre Gaza e acabar com o Hamas. Numa conferência imprensa que foi uma espécie de contra-propaganda, o primeiro-ministro de Israel negou estar a seguir uma estratégia de fome contra os palestinianos e acusou a comunidade internacional de se estar a deixar manipular pela “propaganda do Hamas”, apesar de alertas das Nações Unidas sobre a iminência de um cenário de fome generalizada.

Netanyahu afirmou mesmo que “há centenas de camiões a entrar em Gaza” para aliviar a privação alimentar da população palestiniana. E desafiou as organizações que o contestarem a monitorizarem os preços. “Nós monitorizamos e o preço dos alimentos e está a baixar devido à ajuda alimentar de Israel”, disse.

Questionado sobre o papel do cerco de 11 dias a Gaza para o “espectro da fome”, Netanyahu culpabilizou a organização terrorista Hamas, alegando que o Hamas estava a saquear a ajuda. Admitiu que a tentativa de Israel de parar os camiões de ajuda humanitária e levá-los aos pontos de distribuição da GHF "não teve sucesso" devido ao Hamas. Mas sobre as acusações de genocídio, afirmou: "Não conheço um país que envie milhões de mensagens de texto para civis para se protegerem".

Ainda assim, o primeiro-ministro israelita anunciou que o exército de Israel vai lançar "muito em breve" uma ofensiva contra a cidade de Gaza e os campos de refugiados que considera serem bastiões do Hamas, mas reiterou que esse plano "não visa ocupar Gaza".

“É a melhor forma de pôr fim à guerra" que se prolonga há 22 meses em território palestiniano, garantiu Netanyahu, indicando que a ideia de conquistar a cidade de Gaza "não visa ocupar" a Faixa de Gaza. O primeiro-ministro israelita disse que Israel já tem "grande parte do trabalho feito hoje". "Temos cerca de 70% a 75% de Gaza sob controlo militar israelita", apontou, mas considerou fundamental controlar dois bastiões que restam ao Hamas: a cidade de Gaza e os campos de refugiados no centro e sul do enclave (conhecidos como a zona de Mawasi). “Não temos outra opção para terminar o trabalho", defendeu.

Netanyahu acrescentou que vão ser criadas "zonas de segurança", em localizações não especificadas, para as quais a população de Gaza será deslocada, com a garantia de que receberão "comida, água e assistência médica", disse.

Repetindo ao longo da conferência que o plano de Israel não passa por ocupar Gaza, mas sim desmilitarizá-la, Netanyahu resumiu as diferentes etapas do processo que, garante, será levado até ao fim: "Primeiro, desarmar o Hamas. Segundo, todos os reféns serão libertados. Terceiro, Gaza será desmilitarizada. Quarto, Israel exercerá o controlo de segurança primordial. E quinto, uma administração civil pacífica e não israelita. (...) É isso que queremos ver em Gaza."

ONU fala em risco de "nova calamidade"

Entretanto, a ONU já alertou que a implementação do plano israelita de assumir o controlo da cidade de Gaza corre o risco de desencadear "uma nova calamidade" com repercussões "em toda a região".

Segundo Miroslav Jenca, subsecretário-geral da ONU, a decisão do Governo israelita representa o risco de "um novo episódio trágico neste conflito, com potenciais consequências para além de Israel e dos territórios palestinianos ocupados", afirmou na abertura de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança sobre o conflito.

com Lusa

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