O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, negou ontem "incitar à violência" contra a oposição, depois de o diretor do Shin Bet (os serviços de informação internos) ter alertado para o aumento dos discursos que podem ser "percebidos por alguns indivíduos ou grupos como uma espécie de licença para cometer atos de violência". A coligação do "governo de mudança", formada por oito partidos opositores, será apresentada hoje no Parlamento israelita. Se passar no voto de confiança (que poderá ser só dentro de uma semana) ditará a saída de Netanyahu do poder.."Há uma linha muito frágil entre a crítica política e incitar à violência", disse o primeiro-ministro diante de membros do Likud. "E não se pode dizer que, quando a crítica vem da direita, se trata de incitar à violência e que, quando vem da esquerda é no uso justificado da liberdade de expressão", acrescentou. "Eu condeno qualquer incitamento à violência", explicou, apelidando as críticas de "ilegítimas"..As palavras de Netanyahu surgiram depois de, no sábado, o diretor do Shin Bet, Nadav Argaman, ter alertado contra "o aumento dos discursos que incitam à violência, principalmente através das redes sociais". Pondo de lado a tradicional reserva, exortou os políticos de todos os partidos a "solicitar veementemente o fim desses discursos", que podem ser percebidos "como uma espécie de licença para cometer atos de violência" e levar a "ferimentos mortais"..Os comentários foram vistos como tendo como alvo o próprio Netanyahu, que após 12 anos no poder (15 se contarmos com um primeiro mandato entre 1996 e 1999), está mais próximo do que nunca de deixar o cargo. Na quarta-feira, último dia do prazo para a formação de governo, o líder do partido Yesh Atid (centro), Yair Lapid, anunciou um acordo de coligação com partidos de todo o espetro ideológico, incluindo um árabe, que tem uma maioria frágil..Desde então que Netanyahu e o Likud têm procurado criar fraturas dentro da coligação e apelado a votos dissidentes, de forma a que esse governo não consiga superar o voto de confiança no Parlamento israelita. Este tem de ser convocado pelo presidente do Knesset, Yariv Levin, que é do Likud e ainda não o incluiu na agenda.."Vamos opor-nos à tomada de posse deste perigoso governo de fraude e rendição e, se ele for permitido, vamos rapidamente derrubá-lo", disse Netanyahu na reunião com o Likud. "Apelo aos membros de direita e aos novos membros esperançosos do Knesset para que se ergam e votem contra este governo que põe em perigo o Estado de Israel. É tarde, mas não demasiado tarde", alertou Netanyahu..Entretanto, no terreno, as autoridades israelitas detiveram os gémeos El-Kurd, proeminentes ativistas da campanha contra a expulsão das famílias palestinianas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental (anexada por Israel após a Guerra dos Seis Dias de 1967). Mona el-Kurd, de 23 anos, foi detida na sua casa, uma das envolvidas nos despejos ditados pela justiça israelita - estão pendentes da decisão do Supremo Tribunal. É "suspeita de ter participado nos motins e outros incidentes recentes" no bairro. O irmão gémeo, Muhammad, entregou-se à polícia..Os protestos em Sheikh Jarrah, próximos do fim do mês do Ramadão, junto com os confrontos entre palestinianos e forças de segurança israelitas na Esplanada das Mesquitas, serviram como catalisadores para o conflito de 11 dias entre Israel e Hamas, que deixou mais de 250 mortos..susana.f.salvador@dn.pt
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, negou ontem "incitar à violência" contra a oposição, depois de o diretor do Shin Bet (os serviços de informação internos) ter alertado para o aumento dos discursos que podem ser "percebidos por alguns indivíduos ou grupos como uma espécie de licença para cometer atos de violência". A coligação do "governo de mudança", formada por oito partidos opositores, será apresentada hoje no Parlamento israelita. Se passar no voto de confiança (que poderá ser só dentro de uma semana) ditará a saída de Netanyahu do poder.."Há uma linha muito frágil entre a crítica política e incitar à violência", disse o primeiro-ministro diante de membros do Likud. "E não se pode dizer que, quando a crítica vem da direita, se trata de incitar à violência e que, quando vem da esquerda é no uso justificado da liberdade de expressão", acrescentou. "Eu condeno qualquer incitamento à violência", explicou, apelidando as críticas de "ilegítimas"..As palavras de Netanyahu surgiram depois de, no sábado, o diretor do Shin Bet, Nadav Argaman, ter alertado contra "o aumento dos discursos que incitam à violência, principalmente através das redes sociais". Pondo de lado a tradicional reserva, exortou os políticos de todos os partidos a "solicitar veementemente o fim desses discursos", que podem ser percebidos "como uma espécie de licença para cometer atos de violência" e levar a "ferimentos mortais"..Os comentários foram vistos como tendo como alvo o próprio Netanyahu, que após 12 anos no poder (15 se contarmos com um primeiro mandato entre 1996 e 1999), está mais próximo do que nunca de deixar o cargo. Na quarta-feira, último dia do prazo para a formação de governo, o líder do partido Yesh Atid (centro), Yair Lapid, anunciou um acordo de coligação com partidos de todo o espetro ideológico, incluindo um árabe, que tem uma maioria frágil..Desde então que Netanyahu e o Likud têm procurado criar fraturas dentro da coligação e apelado a votos dissidentes, de forma a que esse governo não consiga superar o voto de confiança no Parlamento israelita. Este tem de ser convocado pelo presidente do Knesset, Yariv Levin, que é do Likud e ainda não o incluiu na agenda.."Vamos opor-nos à tomada de posse deste perigoso governo de fraude e rendição e, se ele for permitido, vamos rapidamente derrubá-lo", disse Netanyahu na reunião com o Likud. "Apelo aos membros de direita e aos novos membros esperançosos do Knesset para que se ergam e votem contra este governo que põe em perigo o Estado de Israel. É tarde, mas não demasiado tarde", alertou Netanyahu..Entretanto, no terreno, as autoridades israelitas detiveram os gémeos El-Kurd, proeminentes ativistas da campanha contra a expulsão das famílias palestinianas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental (anexada por Israel após a Guerra dos Seis Dias de 1967). Mona el-Kurd, de 23 anos, foi detida na sua casa, uma das envolvidas nos despejos ditados pela justiça israelita - estão pendentes da decisão do Supremo Tribunal. É "suspeita de ter participado nos motins e outros incidentes recentes" no bairro. O irmão gémeo, Muhammad, entregou-se à polícia..Os protestos em Sheikh Jarrah, próximos do fim do mês do Ramadão, junto com os confrontos entre palestinianos e forças de segurança israelitas na Esplanada das Mesquitas, serviram como catalisadores para o conflito de 11 dias entre Israel e Hamas, que deixou mais de 250 mortos..susana.f.salvador@dn.pt