Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.EPA/RONEN ZVULUN / POOL

Netanyahu já terá decidido pela “ocupação total da Faixa de Gaza”

Primeiro-ministro anunciou que vai reunir esta semana o Gabinete de Segurança para decidir os próximos passos. Mas, segundo os media israelitas, em privado já terá revelado qual é a sua decisão.
Publicado a
Atualizado a

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou esta segunda-feira, 4 de agosto, que vai reunir esta semana (será já esta terça-feira, 5 de agosto) o Gabinete de Segurança para decidir quais os próximos passos a dar na Faixa de Gaza.

Mas, segundo os media israelita, a sua decisão já está tomada e passa pela “ocupação total” do enclave palestiniano – apesar das objeções das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

“Os dados foram lançados, vamos para a ocupação total da Faixa de Gaza”, indicaram fontes próximas de Netanyahu ao site Ynet News.

“Haverá operações mesmo em áreas onde os reféns estão a ser mantidos. Se o chefe do Estado-maior das IDF não concorda, ele que se demita”, acrescentaram, referindo-se ao tenente-general Eyal Zamir.

As IDF controlam 75% da Faixa de Gaza e são contra assumir o controlo total, considerando que tal operação pode pôr os reféns em perigo - o grupo terrorista palestiniano ameaçou matá-los caso os militares se aproximem do local onde eles estão.

Além disso, consideram que demorará anos a destruir toda a infraestrutura do Hamas e não é certo o que acontece à população civil. Segundo a Rádio do Exército, Zamir está alegadamente frustrado com a falta de uma estratégia clara da parte da liderança política.

A decisão de Netanyahu, caso se confirme, surge depois de terem falhado as negociações indiretas com o Hamas no Qatar e depois da visita do enviado-especial da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff. Este reconheceu, num encontro com familiares de reféns no sábado, que os EUA estavam a preparar uma “mudança” na estratégia.

Mas referia-se aos reféns (menos de metade dos 50 que ainda estão na Faixa de Gaza estão vivos): a ideia era deixar cair um acordo para a libertação de apenas alguns (a proposta em cima da mesa era um cessar-fogo de 60 dias e a libertação de 28, dez dele vivos), e apostar num acordo que permita a libertação de todos.

O primeiro-ministro israelita parece contudo querer avançar pela força, tendo insistido no domingo que o Hamas não está interessado num acordo. A posição de Netanyahu extremou-se especialmente depois de o Hamas ter divulgado vídeos de dois reféns. O líder israelita acusa o grupo terrorista de os querer matar à fome, enquanto nega a existência de situações de fome extrema e desnutrição entre os palestinianos.

Netanyahu anunciou esta segunda-feira (4 de agosto), antes de uma reunião do Conselho de Ministros, que iria ouvir o Gabinete de Segurança para decidir como é que as IDF deviam prosseguir para alcançar os objetivos em Gaza.

“Devemos continuar unidos e lutar juntos para os alcançar”, indicou, reiterando que esses objetivos são derrotar o “inimigo”, libertar os reféns e “garantir que Gaza nunca mais será uma ameaça a Israel”.

Um grupo de 600 antigos oficiais de segurança israelitas enviou entretanto uma carta ao presidente dos EUA, Donald Trump, a pedir-lhe que pressione Netanyahu a acabar com a guerra.

“É nossa avaliação profissional que o Hamas já não representa uma ameaça estratégica para Israel”, lia-se na carta. “A sua credibilidade junto da vasta maioria dos israelitas aumenta a sua capacidade de guiar Netanyahu e o seu Governo na direção correta: acabar a guerra, recuperar os reféns e acabar o sofrimento.”

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Hamas diz que permite assistência a reféns se Israel suspender ataques aéreos e abrir corredores humanitários
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Médio Oriente: Netanyahu diz estar consternado com vídeos de reféns

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt