"Tenho opiniões muito fortes sobre isso. Quer adivinhar quais são?” Foi desta forma que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reagiu esta quarta-feira (22 de outubro) ao lado do vice-presidente dos EUA, JD Vance, à pergunta de um jornalista sobre a eventual presença da Turquia na força internacional de estabilização de paz na Faixa de Gaza. Na véspera, o número dois de Donald Trump tinha sugerido que Ancara irá ter “um papel construtivo” na próxima fase do cessar-fogo, apesar de também ter dito que não iria forçar nada a Israel. O jornal Yedioth Ahronoth escreveu que Netanyahu terá dito na reunião que a presença de tropas turcas é uma “linha vermelha”.JD Vance está em Israel para monitorizar o cessar-fogo, alcançado a partir de um plano de 20 pontos do presidente norte-americano. Mas não no sentido de “monitorizar uma criança”, disse antes do encontro. Há quem alegue que, junto com o enviado especial da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e o genro de Trump Jared Kushner, foi fazer “bibisitting” (referência à atividade de cuidar de crianças, mas usando o diminutivo Bibi, pelo qual Netanyahu é conhecido)..O genro, o amigo e o vice de Trump em missão de ‘Bibisitting’.O próximo será o secretário de Estado, Marco Rubio, que deverá chegar esta quinta-feira (23 de outubro). O vice-presidente deixou claro que a relação entre EUA e Israel não é de um “estado vassalo”, mas de uma aliança. O primeiro-ministro, por seu lado, falou numa “parceria”. Apesar dos problemas com a primeira fase do plano de Trump - o Hamas ainda não entregou todos os corpos dos reféns, Israel ainda não reabriu a fronteira de Rafah e há denúncias mútuas de violação do cessar-fogo - a reunião entre Vance e Netanyahu serviu para focar na segunda fase. Esta incluirá o alegado desarmamento do Hamas (algo que o grupo não confirma, mas que Trump diz que acontecerá nem que seja pela força) e a entrada no enclave palestiniano daquilo que o vice-presidente apelidou de “força de segurança internacional”. Vance lembrou que não haverá tropas dos EUA na Faixa de Gaza, mas os norte-americanos já estão em Israel a ajudar a coordenar esta força. O Reino Unido também já ofereceu um pequeno contingente para ajudar a monitorizar o cessar-fogo, esperando-se que tropas muçulmanas sejam colocadas no terreno. O Egito e o Qatar, ambos mediadores no conflito, já mostraram disponibilidade para contribuir, assim como a Indonésia (que poderá enviar 20 mil homens). Há duas semanas, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que Ancara estava preparada para desempenhar um papel “no terreno” e que as Forças Armadas Turcas estariam preparadas para qualquer missão. Mas a relação entre Israel e a Turquia (membro da NATO) deteriorou-se com a guerra em Gaza e com as ações israelitas na Síria, com Erdogan a dizer que Netanyahu é “o maior obstáculo à paz na região”. E o primeiro-ministro terá deixado claro a Vance que não quer ver as tropas turcas na região, apesar de diante dos jornalistas ter dito: “Vamos decidir juntos sobre isso.” À margemKnesset dá passo para anexar a Cisjordânia: O primeiro de quatro votos necessários para que a lei israelita seja aplicada na Cisjordânia ocupada, ação que é vista como um passo para a anexação, foi ontem aprovado no Knesset. Passou com 25 votos a favor e 24 contra, num total de 120 deputados. O Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, diz que o voto (que não foi proposto por partidos da coligação, apesar de ter tido o aval dos de extrema-direita) visa “prejudicar as relações” com os EUA - Donald Trump disse há um mês que não permitiria a anexação. “Fortalecemos os colonatos todos os dias com ações, orçamentos, construção, indústria, e não com palavras”, indicou o partido.Tribunal diz que Israel deve apoiar UNRWA: Israel rejeitou esta quarta-feira a recomendação do Tribunal Internacional de Justiça que determina que, como potência ocupante, tem que aceitar e facilitar a entrada de ajuda na Faixa de Gaza, incluindo através da organização das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), e não usar a fome como arma de guerra. “Esta é outra tentativa política de impor medidas políticas contra Israel sob o pretexto do ‘direito internacional’”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita no X. Israel acusa a UNRWA de “participar diretamente” na atividade terrorista do Hamas, mas o tribunal indicou que isso não foi fundamentado. Hamas ainda mantém corpos de 13 reféns: Israel confirmou esta quarta-feira que os dois corpos entregues na véspera pelo Hamas são dos reféns Tamir Adar, 38 anos, e Arie Zalmanowicz, de 85. O grupo terrorista já devolveu 15 corpos desde o cessar-fogo, faltando entregar outros 13. .Voto preliminar em Israel aprova anexação da Cisjordânia ocupada