“Não se enganem: Putin é responsável pela morte de Navalny”
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“Não se enganem: Putin é responsável pela morte de Navalny”

Joe Biden disse estar “indignado” com a notícia da morte do opositor russo, “um homem bravo que acreditava na outra Rússia”, e reiterou que os Estados Unidos têm de “fornecer financiamento para que a Ucrânia possa continuar a defender-se”.
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, responsabilizou o presidente russo pela morte de Alexey Navalny. 

“Não se enganem: Putin é responsável pela morte de Navalny”, afirmou esta sexta-feira em conferência de imprensa. “Putin não visa apenas cidadãos de outros países, como vemos pelo que está a acontecer na Ucrânia. Ele também inflige crimes terríveis ao seu próprio povo”, prosseguiu.

Biden disse estar “indignado” com a notícia da morte do opositor russo, “um homem bravo que acreditava na outra Rússia”, e reiterou que os Estados Unidos têm de “fornecer financiamento para que a Ucrânia possa continuar a defender-se”. “O tempo está a passar. Isso tem que acontecer”, alertou.

Por outro lado, o presidente norte-americano garantiu que não existe uma ameaça nuclear por parte da Rússia.

O opositor russo Alexei Navalny, um dos principais críticos de Vladimir Putin, morreu na prisão, segundo o serviço penitenciário federal da Rússia.

Navaly, 47 anos, estava numa prisão no Ártico, para cumprir uma pena de 19 anos de prisão sob "regime especial" por crimes alegadamente relacionados com a sua atividade política e, segundo aqueles serviços, sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

Até ao momento, a equipa de Navalny não confirmou esta informação.

Kremlin acha inadmissível ser responsabilizado por morte de opositor

 A presidência russa considerou esta sexta-feira "inadmissíveis" as declarações dos líderes ocidentais, que responsabilizaram diretamente o Kremlin pela morte na prisão do líder da oposição, Alexei Navalny.

"Não há declarações de médicos nem informações de serviços forenses e penitenciários. Ou seja, não há informações. E encontramos tais declarações", afirmou Dmitri Peskov, porta-voz presidencial, citado por agências russas.

Peskov lamentou tais afirmações, indicando que são "obviamente, declarações absolutamente furiosas e inadmissíveis".

O porta-voz do Kremlin acrescentou que já tinha informado o Presidente russo, Vladimir Putin, sobre a morte repentina do opositor e referiu que os serviços penitenciários não precisam de receber quaisquer ordens em relação às investigações necessárias para esclarecer o sucedido.

Anteriormente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia instou os Estados Unidos a não fazerem acusações infundadas na atribuição de responsabilidades pela morte de Navalny até que os resultados da autópsia sejam conhecidos.

"A morte de uma pessoa é sempre uma tragédia (...). Em vez de acusações gratuitas, deveriam mostrar moderação e aguardar os resultados oficiais da autópsia", afirmou a diplomacia de Moscovo num comunicado.

A vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, afirmou esta sexta-feira que, a confirmar-se, a Rússia é "responsável" pela morte de Navalny, o que na sua opinião seria mais um sinal da "brutalidade" de Putin.

Por sua vez, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, declarou que, "durante mais de uma década, o Governo russo de Putin, perseguiu, envenenou e prendeu Navalny, e agora a sua morte é noticiada".

Se as notícias forem precisas, acrescentou Blinken, "a sua morte numa prisão russa e a fixação e o medo de um homem apenas sublinham a fraqueza e a podridão no coração do sistema que Putin construiu".

Acusações semelhantes foram feitas pela União Europeia (UE), por vários líderes europeus e pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Guterres, "chocado", pede "investigação credível"

O secretário-geral da ONU está "chocado" com a notícia da morte do opositor russo Alexei Navalny numa prisão no Ártico e pede uma "investigação completa, credível e transparente" para apurar as circunstâncias, indicou o porta-voz de António Guterres.

"O secretário-geral está chocado com a notícia da morte durante regime de detenção da figura da oposição Alexei Navalny", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, no decurso da sua conferência de imprensa diária na sede da ONU, em Nova Iorque.

"O secretário-geral expressa as suas condolências à família do senhor Navalny e apela a uma investigação completa, credível e transparente sobre as circunstâncias da reportada morte de Navalny sob custódia", acrescentou.

Embaixador russo em Portugal critica "politização" da morte do opositor


O embaixador da Rússia em Lisboa reagiu esta sexta-feira à morte de Alexei Navalny, criticando a "politização" do facto e a comunicação social portuguesa.

"Antes de informação completa sobre as circunstâncias da morte de Alexei Navalny aparecer, o espaço mediático local encheu-se de sentenças condenatórias contra o nosso Estado", destacou o diplomata Mikhail Kamynin, citado numa nota publicada no canal da embaixada na rede social Telegram, depois de União Europeia, Estados Unidos e diversos países europeus terem responsabilizado o Presidente russo, Vladimir Putin, pela morte do opositor.

"A cobertura tendenciosa desta notícia está em plena sintonia com a retórica hostil dos 'media' portugueses que durante os últimos dois anos têm impingido ativamente ao seu público uma imagem 'demoníaca' da Rússia", acusou.

"Não vale a pena politizar a morte duma pessoa", disse ainda Mikhail Kamynin.

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