Mais de 100 mil refugiados de Nagorno-Karabakh já chegaram à Arménia, afirmou o porta-voz do primeiro-ministro arménio..De acordo com dados oficiais, cerca de 120 mil arménios viviam naquele enclave, antes de o Governo separatista de Nagorno-Karabakh ter anunciado a sua dissolução e que a república não reconhecida deixaria de existir até 1 de janeiro de 2024.."Restam, no máximo, algumas centenas de funcionários públicos, voluntários, operacionais da proteção civil e pessoas com necessidades especiais, que também se estão a preparar para partir", afirmou o antigo provedor de Justiça de Karabakh, Artak Beglarian, numa publicação na rede social X (antigo Twitter)..As Nações Unidas anunciaram o envio neste fim de semana de uma equipa de missão a Nagorno-Karabakh para avaliar as necessidades humanitárias, apesar de aquela organização não ter tido acesso à região durante 30 anos..O Governo separatista do Nagorno-Karabakh anunciou na quinta-feira que se vai dissolver e que a república não reconhecida vai deixar de existir até ao dia 1 de janeiro de 2024..O anúncio foi feito depois de o Azerbaijão ter levado a cabo uma ofensiva militar para recuperar o controlo total da região separatista e ter exigido que as tropas arménias em Nagorno-Karabakh depusessem as armas e o governo separatista se desmantelasse..Já no início deste mês, o Conselho Europeu tinha alertado para a "rápida deterioração" da situação humanitária na região, tendo apelado ao Azerbaijão e à Arménia para salvaguardar a população e diminuir as tensões..As duas ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso enfrentaram-se em duas guerras, no início dos anos 1990 e em 2020, pelo controlo do enclave de Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa cuja população é maioritariamente arménia e que se separou do Azerbaijão há mais de 30 anos..No final da curta guerra em que, no outono de 2020, o Azerbaijão recuperou territórios dessa região separatista, Baku e Erevan concluíram um cessar-fogo promovido pela Rússia..As tensões intensificaram-se este ano, quando Baku anunciou, em 23 de abril, ter instalado um primeiro posto de controlo rodoviário à entrada do corredor de Latchin, único eixo que liga a Arménia ao enclave separatista, já submetido a um embargo que causou escassez de bens de primeira necessidade e cortes de energia elétrica..As Nações Unidas vão acelerar os seus esforços para alimentar os refugiados que fugiram de Nagorno-Karabakh em direção à Arménia, afirmou este sábado o Programa Alimentar Mundial daquela organização internacional..O Programa Alimentar Mundial (PAM) perspetiva aumentar o ritmo de entrega de alimentos para 21 mil refeições nas próximas duas semanas, às quais se acrescentam a entrega de ingredientes como cereais ou óleo para 30 mil pessoas, anunciou aquela agência da ONU.."O PAM está preparado para entregar cartões de racionamento a mais de 6.000 pessoas e compromete-se a trabalhar com parceiros para aumentar o número, de acordo com a necessidade", disse a agência, num comunicado..O Programa Alimentar Mundial realçou que o número de deslocados na fronteira arménia "dispararam dramaticamente nos últimos dias, o que levou a longas filas nos postos fronteiriços"..No comunicado, lamenta que muitos dos refugiados cheguem "exaustos" às novas instalações de acolhimento, em Goris, na província arménia de Syunik, no sudeste do país..A diretora do PAM na Arménia, Nanna Skau, referiu que aquela agência da ONU está "extremamente preocupada" com o impacto na vida dos deslocados, pedindo que os afetados pelo conflito recebam apoio humanitário "constante e oportuno"..De acordo com dados oficiais, cerca de 120 mil arménios viviam naquele enclave, antes de o Governo separatista de Nagorno-Karabakh ter anunciado a sua dissolução..A Procuradoria-Geral do Azerbaijão acusou de terrorismo o ministro dos Negócios Estrangeiros de Nagorno-Karabakh, que se entregou na sexta-feira às autoridades depois da ofensiva lançada este mês pelas forças azeris e que resultou na tomada da região, maioritariamente arménia..A Procuradoria-Geral acusa o ministro David Babayán de "planificar, preparar, iniciar e levar a cabo uma guerra de agressão", assim como de "organização de atos terroristas e de violar as normas do Direito Internacional Humanitário" durante os recentes conflitos entre as forças arménias e azeris na região..Babayán confirmou na sexta-feira, na sua página da rede social Facebook, a intenção de se entregar às autoridades azeris "para deixar de causar mais dano ao nosso povo angustiado"..Horas antes, as autoridades azeris confirmaram também a detenção do ex-ministro da Defesa de Nagorno-Karabakh, Lyova Mnatsakanián, quando este tentava abandonar a zona através do corredor de Lachin, segundo confirmou o serviço estatal de Fronteiras do Azerbaijão..Mnatsakanián, ministro entre 2015 e 2018, encontra-se neste momento na capital do Azerbaijão, Baku, à mercê das "autoridades competentes, que tomarão uma decisão correspondente", adianta a agência noticiosa azeri, Azertac..Os serviços de segurança do Azerbaijão informaram também na sexta-feira a detenção do subcomandante das forças de Nagorno-Karabaj, Davit Manukián, por cometer "atos terroristas" e liderar um grupo armado no território da autoproclamada república.