Mundo não deve ser enganado por propostas da China em Moscovo
Antony Blinken, que anunciou mais 350 milhões de dólares de ajuda militar a Kiev, reiterou o apoio dos Estados Unidos à posição de Zelensky. Segundo o secretário de Estado norte-americano, o país expressa dúvidas quanto à vontade da China de preservar "a soberania e a integridade territorial" da Ucrânia.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou hoje que "o mundo não deve deixar-se enganar" pelas propostas de Pequim sobre a resolução da guerra na Ucrânia, enquanto o Presidente chinês, Xi Jinping, está de visita a Moscovo.
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"O mundo não deve deixar-se enganar por qualquer decisão tática da Rússia, apoiada pela China ou por qualquer outro país, para pôr fim ao conflito nos seus próprios termos", declarou o chefe da diplomacia norte-americana à comunicação social.
Segundo Blinken, os Estados Unidos apreciam qualquer iniciativa diplomática que vise obter "uma paz justa e duradoura", mas expressaram dúvidas quanto à vontade da China de preservar "a soberania e a integridade territorial" da Ucrânia.
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"Qualquer projeto que não eleja como prioridade esse princípio fundamental representa, na melhor das hipóteses, uma tática para ganhar tempo, ou simplesmente procura facilitar um desfecho injusto" para o conflito, argumentou, acrescentando: "Não é uma diplomacia construtiva".
"Apelar para um cessar-fogo que não inclua a retirada das forças russas do território ucraniano representa, na prática, apoiar as conquistas territoriais russas" naquele país, prosseguiu Blinken.
O secretário de Estado, que já esta segunda-feira tinha anunciado mais 350 milhões de dólares (cerca de 330 milhões de euros) de ajuda militar a Kiev, reiterou o apoio dos Estados Unidos à posição do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que exige a retirada das tropas russas.
"Se a China está determinada a apoiar o fim do conflito com base nos princípios da Carta das Nações Unidas - tal como enunciou no primeiro ponto do seu projeto - então, pode entabular um diálogo com o Presidente Zelensky e a Ucrânia nesses termos e usar a sua influência para exigir que Moscovo proceda à retirada das suas tropas", sublinhou Antony Blinken.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus - de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 390.º dia, 8.317 civis mortos e 13.892 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.