Multidões seguiram de perto o cortejo fúnebre do castelo de Balmoral até Edimburgo, numa viagem de seis horas que passou por Aberdeen, Dundee e Perth, algumas das cidades mais povoadas da Escócia. Enquanto as homenagens à falecida soberana prosseguem, o sucessor desdobra-se numa série de audiências e de viagens. No dia em que recebeu a secretária-geral da Commonwealth Patricia Scotland e os altos comissários (isto é, os representantes diplomáticos da comunidade de nações) no Palácio de Buckingham, Carlos III ficou a saber que um dos países de qual é chefe de Estado planeia decidir se mantém a monarquia..O chefe do governo de Antígua e Barbuda fez questão de dizer que "não é um ato hostil", contudo planeia organizar um referendo nos próximos três anos para que os eleitores daquele país das Caraíbas com cerca de cem mil habitantes decidam se optam pela república. Em declarações à ITV News, Gaston Browne reconheceu que o tema não está na ordem do dia: "Acho que a maioria das pessoas nem sequer se deu ao trabalho de pensar sobre o assunto.".Entre os mais de 50 países da Commonwealth, 15 têm Carlos III como chefe de Estado. No ano passado, Barbados despediu-se da monarquia e elegeu a antiga governadora como presidente, tornando o país caribenho num raro caso de presidência e de chefia do governo com duas mulheres. Outros países que planeiam cortar com Windsor são a Austrália - tem um ministro-adjunto para a República, mas o primeiro-ministro Anthony Albanese já disse que a mudança não se fará durante o mandato iniciado há menos de quatro meses -, Belize e Jamaica..Um dia depois da proclamação no palácio de São Jaime, Carlos III cerimónias similares aconteceram noutros territórios, da Escócia à Austrália, da Irlanda do Norte à Península Ibérica, em específico em Gibraltar. No rochedo, coube ao governador David Steel ler o documento na varanda da residência oficial, perante centenas de populares. Steel, que foi ajudante de campo de Isabel II, recordou à BBC "a dignidade, sentido de dever, sentido de humor e amor pelo que fazia" da rainha..Cerimónias semelhantes realizaram-se na Austrália e Nova Zelândia. Em Auckland, a primeira-ministra Jacinda Ardern aproveitou a ocasião para fazer um elogio a Isabel II e à relação de afeto entre a monarca e os neozelandeses. "Esta relação é profundamente valorizada pelo nosso povo. Não tenho dúvidas de que se irá aprofundar", augurou..Em Edimburgo, ficou claro que a monarquia não é um assunto pacífico: não faltou quem assobiasse a proclamação de Carlos III. A cidade, entretanto recebeu os restos mortais da rainha no palácio de Holyroodhouse, onde estavam os príncipes Ana, André e Eduardo. É tempo de prestar homenagem a Isabel II, num ambiente contrastante com o do centro de Londres, onde as multidões se reuniram para aplaudir Carlos III..Hoje, o rei viaja para a Escócia e vai assistir a uma missa dedicada à rainha na catedral de Santo Egídio, na capital escocesa. Na terça-feira, enquanto o caixão da mãe irá ser transportado de avião para Londres, e depois repousar em Westminster, Carlos voará para Belfast, na Irlanda do Norte, onde irá também participar numa cerimónia religiosa. Irá, por fim, na sexta-feira, até ao País de Gales. Em todas estas cerimónias estará a primeira-ministra Liz Truss, o que foi alvo de reparos de vários comentadores. Perante as críticas, Downing Street esclareceu que Truss "não está a "acompanhar" o rei e não está numa "digressão". Ela está apenas a assistir a estes cultos"..cesar.avo@dn.pt