Mpox. China reforça controlos nas fronteiras devido à propagação do vírus
A China reforçou esta sexta-feira as medidas de vigilância nas fronteiras para evitar a propagação do vírus monkeypox (mpox), obrigando todos os aviões e navios provenientes de zonas afetadas pela doença a cumprir medidas sanitárias.
A Administração Geral das Alfândegas do país asiático decidiu aplicar estas medidas em resposta à declaração de emergência sanitária internacional emitida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na quarta-feira.
As autoridades chinesas estabeleceram protocolos de rastreio para os viajantes provenientes de regiões com surtos ativos da doença.
Os novos controlos centram-se na deteção de sintomas como febre, dores de cabeça e erupções cutâneas nos viajantes.
Vão ser ainda efetuados controlos sanitários minuciosos aos veículos, contentores e mercadorias provenientes das zonas afetadas.
Estas medidas, que vão estar em vigor durante os próximos seis meses, visam evitar a propagação na China da também chamada "varíola dos macacos".
A decisão surgiu devido à crescente preocupação mundial com o aumento do número de casos de mpox, especialmente em África, onde foram registados milhares de infeções e centenas de mortes.
Até à passada sexta-feira, 13 países em África registaram 17.541 casos e 517 mortes, sendo a República Democrática do Congo o país mais afetado com 16.789 casos e 511 mortes.
Suécia confirma infeção associada ao surto em África. Paquistão anuncia primeiro caso
A Agência Sueca de Saúde Pública anunciou que uma pessoa que vivia na região de Estocolmo tinha sido diagnosticada como portadora do subtipo mais contagioso e perigoso do vírus mpox, um caso inédito fora de África.
"A pessoa afetada foi infetada durante uma estadia numa região de África onde existe uma grande epidemia de mpox subtipo clade 1", explicou Olivia Wigzell, chefe interina da agência sueca, durante uma conferência de imprensa.
Num comunicado de imprensa, a agência sueca disse que o facto de "uma pessoa estar a ser tratada para a varíola no país não implica qualquer risco para o resto da população", e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) considera que atualmente este risco é muito baixo.
A agência disse à AFP, por mensagem, que o caso na Suécia se tratava da variante mpox do subtipo clade 1b, que tem vindo a reemergir na RDC desde setembro de 2023 e onde todas as províncias são agora afetadas pela epidemia.
O aparecimento de novas estirpes do vírus, como a recentemente detetada na Suécia, sublinhou a necessidade de uma resposta internacional coordenada, de acordo com as autoridades chinesas.
O primeiro caso de mpox na China foi confirmado em 16 de setembro de 2022 num paciente que tinha viajado do estrangeiro para Chongqing (sul).
Entretanto, o Paquistão anunciou esta sexta-feira o primeiro caso de mpox no seu território.
"O primeiro caso de mpox foi confirmado no Paquistão", anunciou o porta-voz do Ministério da Saúde, em comunicado, acrescentando que a pessoa infectada veio de um país do Golfo. O paciente paquistanês é um homem de 34 anos e está a ser tratado na província de Khyber Pakhtunkhwa.
A atual epidemia, que teve origem na RDC, tem características específicas, a começar por um vírus mais contagioso e perigoso. É causada pelo clade 1 e por uma variante ainda mais perigosa, o clade 1b, com uma taxa de mortalidade estimada em 3,6%.
O clade 1b provoca erupções cutâneas em todo o corpo, mais visíveis, ao passo que as estirpes anteriores se caracterizavam por erupções e lesões localizadas na boca, na cara ou nos órgãos genitais.
Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, um alerta que foi inicialmente levantado em maio do ano passado, depois de a propagação ter sido contida e a situação ter sido considerada sob controlo.
A nova variante pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, incluindo contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022.
Em 2022, uma epidemia mundial propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endémica, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais. A epidemia causou cerca de 140 mortos, num total estimado de 90 mil casos.
Antes disso, a doença foi sobretudo detetada em surtos ocasionais na África central e ocidental quando as pessoas entravam em contacto com animais selvagens infetados.
Os países ocidentais contiveram o surto e a disseminação do vírus com a ajuda de vacinas e tratamento aos quais África praticamente não tem acesso.