O ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane congratulou-se esta terça-feira, 22 de julho, por finalmente ter sido acusado no âmbito das manifestações pós-eleições de outubro. Em causa estão cinco acusações: apologia pública ao crime, incitamento à desobediência coletiva, instigação pública ao crime, instigação ao terrorismo e incitamento ao terrorismo. “Finalmente há acusação, para nossa própria alegria, foi formalizada a acusação”, afirmou à saída da Procuradoria-Geral da República, enumerando as acusações e dizendo que agora poderá finalmente defender-se. Mondlane disse aos jornalistas estar de “consciência tranquila”, considerando que prestou “um grande serviço à nação” ao denunciar a “fraude eleitoral”. Mantém-se a medida de coação que já tinha: termo de identidade e residência.Após as eleições de outubro, Moçambique viveu um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados das presidenciais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo. Pelo menos 400 pessoas terão morrido nos confrontos entre manifestantes e polícias, que cessaram após os encontros entre Mondlane e Chapo (a 23 de março e 20 de maio) resultarem num “acordo” com vista à pacificação do país. O ex-candidato acusou contudo o presidente de não cumprir os seis pontos desse acordo, criticando ainda a “linguagem agressiva e incendiária” de Chapo em eventos públicos e privados. O presidente alegou, numa entrevista à Lusa no início do mês, que o único acordo que existe foi assinado com os partidos políticos a 5 de março, que não incluía Mondlane que não tem partido.Mas, segundo o candidato, nas duas “sessões de diálogo” que foram “testemunhadas por um grupo de cidadãos renomados na sociedade que se autointitularam patriotas”, foram “debatidos e acordados” seis pontos. O primeiro foi “fim de todas as formas de violência física e verbal entre as partes, população e autoridades públicas”. Mondlane disse que ficou acordado que ambos fariam uma comunicação pública para restabelecer a paz, tendo ele feito logo um “direto” na sua página de Facebook. Já Chapo não fez nada, alegou Mondlane. Os outros pontos do acordo incluíam assistência médica e medicamentosa gratuita aos “cerca de dois mil cidadãos feridos” nas manifestações, “compensação” às “famílias que tiveram parentes assassinados” pelas forças de segurança nesses protestos “e a libertação dos mais de quatro mil cidadãos que se encontram detidos no âmbito das manifestações pós-eleitorais”, por “via da amnistia ou do indulto”. Também se previa a “viabilização” do projeto de partido e a sua inclusão na comissão técnica para o diálogo nacional. Com Agência Lusa