Moção de censura do Vox mostra aproximação do PP

Iniciativa estava condenada ao fracasso, mas é reveladora da nova tática do principal partido da oposição em não virar as costas à sua direita.

Sem surpresa, fracassou a moção de censura apresentada pelo Vox ao governo de coligação PSOE-Unidas Podemos. Depois de 11 horas de debate no primeiro dia e de mais três no segundo, a iniciativa que apresentou o antigo dirigente comunista Ramón Tamames, de 89 anos, como alternativa a Pedro Sánchez contou apenas com os 52 votos do partido de extrema-direita e de um deputado independente saído das fileiras do Ciudadanos. Mais do que os votos favoráveis ou os 201 votos contra, a abstenção do principal partido de oposição, o PP, acabou por ser a grande novidade.

O primeiro-ministro espanhol não deixou passar em claro a aproximação dos partidos à sua direita e criticou a "indecente abstenção" do Partido Popular.

Há dois anos, quando o mesmo Vox usou este instrumento parlamentar e apresentou o seu líder Santiago Abascal como candidato a primeiro-ministro, o então presidente do PP Pablo Casado fez questão de demarcar a sua formação de centro-direita do extremismo e condenou a iniciativa.

Agora sob a presidência de Alberto Nuñez Feijóo - ausente do debate parlamentar -, os populares acreditam que virar as costas à terceira formação política tem um custo político elevado.

As sondagens indicam que nas próximas Eleições Legislativas, a decorrerem algures entre novembro e janeiro, uma aliança entre o PP e o Vox, como a posta em prática na Região de Castela e Leão desde fevereiro de 2022, pode desalojar os socialistas do poder. "Não vamos votar sim por respeito aos espanhóis e não votamos não por respeito ao senhor Tamames", justificou a porta-voz do PP, Cuca Gamarra, ao anunciar a abstenção.

Mas nem todos no partido estão de acordo: a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, disse que a moção permitiu a Pedro Sánchez "sair em ombros" do Parlamento.

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