Ressano Garcia foi palco esta quinta-feira de protestos de apoiantes de Venâncio Mondlane.
Ressano Garcia foi palco esta quinta-feira de protestos de apoiantes de Venâncio Mondlane.EPA/LUISA NHANTUMBO

Moçambique. Manifestantes cortam acesso à África do Sul

Apoiantes de Mondlane cortaram a circulação em Ressano Garcia e exigem a “reposição da verdade eleitoral”.
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Protestos de apoiantes de Venâncio Mondlane, exigindo a “reposição da verdade eleitoral”, cortaram esta quinta-feira a circulação em Ressano Garcia, a principal fronteira entre Moçambique e África do Sul, fortemente vigiada por dezenas de militares e polícias. 

Às primeiras horas da manhã já era visível a forte presença das Forças de Defesa e Segurança na fronteira, ponto de entrada das importações para a capital moçambicana e de saída das exportações sul-africanas, que usam o porto de Maputo, com os veículos pesados a serem escoltados ao longo do trajeto de entrada em Moçambique por militares e polícia, fortemente armados. 

Um grupo de dezenas de manifestantes, declarados apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, reuniram-se junto à fronteira e marcharam pela vila, travando a passagem de pesados, alguns a recuar em plena Estrada Nacional 4, face à proximidade dos protestos, envolvidos por dezenas de polícias e militares, que não intervieram. “É o que estamos a ver, acho que cada dia tende a aumentar os polícias, ontem não era assim (...). Acho que os puxaram da cidade para aqui, em Maputo já não deve haver polícia”, afirmou à Lusa o comerciante Finiz Matavela, de 27 anos, antes de se juntar à marcha, explicando porquê logo de seguida: “A gente votou para quem nós queremos, então a coisa não está a funcionar do jeito que a gente quer, eis a razão de estarmos aqui”.

Os manifestantes iam aumentando durante o percurso no acesso à fronteira, com cartazes de apoio a Mondlane, paus e bandeiras de Moçambique, perante a forte presença policial, que os acompanhava.

Na principal fronteira do país, que movimenta diariamente cerca de mil pesados, a quase 100 quilómetros de Maputo, são visíveis camionistas a fazerem marcha-atrás, para evitarem os manifestantes, perante o constante vai vem de polícia e militares. “Hoje está mais”, explicava também o comerciante Person Sitoe, 29 anos, de Ressano Garcia, que também se juntou aos outros manifestantes, muitos com tábuas de madeira simulando metralhadoras da polícia, na marcha que acabou por bloquear a fronteira. “Como é que vão lutar com pessoas que só têm 20% [resultado anunciado para Venâncio Mondlane], nós só queremos ver os 70% a marchar (...) Só queremos a verdade eleitoral”, acrescentava. “A marcha sempre foi pacífica, não há tiroteios nem nada”.

Venâncio Mondlane apelou segunda-feira a um novo período de manifestações nacionais em Moçambique, durante três dias, começando na quarta-feira, em todas as capitais provinciais e estendendo-se a portos e fronteiras, contestando o processo eleitoral.

Mondlane tinha antes convocado paralisações nos dias 21, 24 e 25 de outubro, que se seguiram outras de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo, a 7 de novembro, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia. 

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