Blinken e Lammy encontraram-se em Londres e seguiram para Kiev. São esperados em Varsóvia na quinta-feira.  
Blinken e Lammy encontraram-se em Londres e seguiram para Kiev. São esperados em Varsóvia na quinta-feira.  MARK SCHIEFELBEIN/ POOL / AFP

Mísseis iranianos abrem porta a resposta ocidental

EUA e países europeus anunciam mais sanções ao Irão e à Rússia. Restrições às armas de longo alcance por parte de Kiev devem ser levantadas.
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O presidente dos Estados Unidos e o primeiro-ministro do Reino Unido deverão anunciar uma decisão, na sexta-feira, sobre medidas a tomar para ajudar a Ucrânia depois da visita conjunta desta quarta-feira dos respetivos chefes diplomáticos a Kiev. Esta viagem ocorre depois do encontro de Antony Blinken e David Lammy em Londres, e na qual o norte-americano previu que as forças russas deverão começar a usar os mísseis balísticos iranianos na Ucrânia “nas próximas semanas”. 

Num “momento crítico para a Ucrânia, no meio de uma intensa época de combates no outono”, Blinken e Lammy vão ouvir o presidente Volodymyr Zelensky sobre “a forma exata como os ucranianos veem as suas necessidades neste momento, com que objetivos” e como podem apoiar. 
Na semana passada, Zelensky ouviu de viva voz o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, desvalorizar o potencial dos mísseis de precisão ATACMS, que Kiev pede há meses para usar em território russo, e elogiou a capacidade dos drones ucranianos -- que na noite de segunda para terça-feira atacaram alvos em nove regiões russas, Moscovo incluído.

Agora, em entrevista à Sky News, o secretário de Estado norte-americano abriu a porta a que os ucranianos venham a receber a tão esperada autorização. “Não é simplesmente dizer se eles [ucranianos] devem ter este ou aquele sistema de armas”, disse Blinken. “Sabem usá-los? Conseguem fazer a sua manutenção? Fazem parte de uma estratégia coerente para atingir um objetivo claro? Todos estes fatores têm de ser tidos em conta nestas decisões. Mas o que posso dizer -- conclui -- é que nos adaptámos e ajustámos a cada passo ao longo do caminho, e vamos continuar, por isso, não excluímos nesta fase.” 

O que mudou entre a viagem em vão de Zelensky à Alemanha e as declarações de abertura norte-americana? Em conferência de imprensa com o homólogo britânico, Blinken confirmou a entrega de mísseis iranianos à Rússia. “Avisámos Teerão publicamente e em privado de que dar este passo seria uma escalada perigosa”, disse. “Isto dá aos russos uma capacidade e uma flexibilidade adicionais. Isto significa que a Rússia poderá dedicar os seus próprios mísseis balísticos a alvos de maior alcance, não os utilizando em alvos de menor alcance, uma vez que terá estes mísseis iranianos para o fazer.” 

Além da provável resposta de apoio militar, os EUA anunciaram mais sanções contra dez pessoas e seis empresas na Rússia e no Irão. Horas antes, Reino Unido, França e Alemanha informaram que iriam cortar os acordos de aviação com o Irão e sancionar a sua transportadora aérea nacional. 

Para Teerão, estas medidas são uma cortina de fumo para a guerra em Gaza. “A divulgação de informações falsas e enganosas sobre a transferência de armas iranianas para certos países não passa de uma propaganda infame e de uma mentira destinada a ocultar a dimensão do apoio maciço e ilegal dos Estados Unidos e de certos países ocidentais ao genocídio na Faixa de Gaza”, acusou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani.

cesar.avo@dn.pt

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