Pelo menos uma pessoa morreu esta terça-feira na sequência de um ataque russo com mísseis a pelo menos dois edifícios residenciais de Kiev, que se verificou em outras regiões do país..O presidente da Câmara de Kiev, Vitaly Klitschko, indicou que pelo menos três mísseis russos atingiram edifícios residenciais. "No bairro de Petchersk, num dos prédios atingidos, as equipas de salvamento encontraram o cadáver de uma pessoa", lamentou, na plataforma digital Telegram. "As operações de busca e resgate prosseguem", acrescentou.."Os terroristas russos levaram a cabo um novo ataque planeado contra as infraestruturas energéticas. A situação é crítica", escreveu no Telegram o chefe-adjunto do gabinete da Presidência ucraniana, Kyrylo Tymochenko, que disse ainda estar a situação em Kiev "extremamente difícil". "Foram impostos horários específicos para cortes de [energia elétrica] de emergência", acrescentou..De acordo com um porta-voz da Força Aérea ucraniana, a Rússia lançou "cerca de" 100 mísseis sobre a Ucrânia, destruindo várias infraestruturas energéticas essenciais em diversas regiões. "Cerca de 100 mísseis foram disparados (...) a partir do mar Cáspio, a região [russa] de Rostov", e também "a partir do mar Negro", indicou Iuri Ignat em direto na televisão ucraniana, precisando que "até agora, não se registou a utilização de 'drones' (aeronaves não-tripuladas) de ataque"..Logo após o ataque, Vitali Klitschko recorreu às redes sociais para denunciar o ataque à capital, indicando que "dois edifícios residenciais foram atingidos no distrito de Pechersk". "Vários mísseis foram derrubados perto de Kiev por sistemas de defesa aérea", afirmou o autarca, referindo que "pelo menos metade da cidade está sem eletricidade"..Aliás, Klitschko refere mesmo que "devido a um ataque maciço de mísseis" a empresa distribuidora fez "cortes de energia de emergência em toda a Ucrânia"..As cidades de Lviv, no oeste, e Kharkiv, no leste, também foram atacadas pela Rússia, disseram autoridades locais, após os ataques na capital ucraniana.."Há explosões em Lviv", confirmou o autarca Andriy Sadovy em comunicado nas redes sociais, pedindo aos moradores que fiquem em abrigos, enquanto o autarca de Kharkiv, Igor Terekhov, disse que houve um "ataque com mísseis" na cidade e que informações sobre quaisquer baixas estavam a ser apuradas, sendo que o ataque foi direcionado à zona de Industrialniï..O alerta antiaéreo foi acionado em todo o território ao início da tarde devido a possíveis ataques com mísseis..Previamente, os responsáveis das administrações regionais de Kryvyi Rih (centro), Oleksandr Vilkul, e de Mykolaiv (sul), Vitaly Kim, referiram um lançamento massivo de mísseis a partir de território russo..O vice-chefe do gabinete do presidente, Kyrylo Tymoshenko, disse num comunicado online que os mísseis foram disparados por forças russas. E distribuiu alegadas imagens dos ataques, com um incêndio a emergir num prédio residencial de cinco andares.."O perigo não passou. Fiquem em abrigos", acrescentou..O chefe de gabinete presidencial da Ucrânia, Andriy Yermak, disse que o ataque foi uma resposta ao discurso do presidente Volodymyr Zelensky transmitido na reunião do G20, durante o qual ele pediu aos líderes das economias mais poderosoas do mundo que pressionem Putin e o Kremlin a pôr fim à invasão.."Alguém pensa seriamente que o Kremlin realmente quer paz? Putin quer obediência. Mas no final das contas, os terroristas sempre perdem", disse Yermak..Em Lviv, o metropolitano está "parado", disse no Telegram o presidente da câmara, e uma parte da cidade de Kharkiv sofreu igualmente cortes de corrente elétrica, de acordo com a autarquia. Interrupções voluntárias foram colocadas em prática na região de Sumi (nordeste), fronteiriça com a Rússia, segundo o governador regional, Dmytro Jyvytskiï, para preservar a rede..Nas últimas semanas, as forças russas têm visado as infraestruturas de energia em toda a Ucrânia e lançaram barragens de mísseis e enviaram enxames de drones..Volodymyr Zelensky já veio avisar os ucranianos, através de um vídeo no Telegram, que podem estar iminentes mais ataques de mísseis russos, mas deixou a certeza de que a Ucrânia irá sobreviver. O presidente ucraniano revelou que foram lançados 85 mísseis russos contra a Ucrânia e mais 20 devem ainda atingir o país. "Eu sei que os ataques desligaram a energia em muitos locais. Estamos a trabalhar, vamos restaurar tudo, vamos sobreviver", garantiu..Por sua vez, Andrii Iermak, chefe de gabinete da Presidência ucraniana, assegura que este ataque teve a ver com o discurso de Zelensky no G20. "A Rússia responde ao poderoso discurso de Volodymyr Zelensky no G20 com um novo ataque com mísseis. Alguém pensa seriamente que o Kremlin quer a paz? Pretendem obediência. Mas no final, os terroristas perdem sempre", disse na rede social Twitter..Já o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, condenou o ataque dizendo que os "mísseis russos estão a matar pessoas e a arruinar a infraestrutura em toda a Ucrânia". "Isto é o que a Rússia tem a dizer sobre a questão das negociações de paz. Este terror só pode ser detido com a força das nossas armas e princípios", esceveu no Twitter..Os EUA "condenam veementemente" o ataque russo desta terça-feira a várias cidades da Ucrânia, numa altura em líderes mundiais reúnem-se em Bali para a cimeira do G20.."Estes ataques russos servirão apenas para aprofundar as preocupações entre o G20 sobre o impacto desestabilizador da guerra de Putin", afirmou Jake Sullivan, conselheiro para a Segurança Nacional da Casa Branca.."Os nossos pensamentos estão com o corajoso povo ucraniano, que continua a demonstrar resiliência e coragem na defesa de sua soberania e democracia", acrescentou..Sullivan reforçou que os EUA, assim como os seus aliados, "vão continuar a fornecer à Ucrânia o que ela precisa para se defender, incluindo sistemas de defesa aérea". Afirmou ainda que os Estados Unidos vão estar ao lado da Ucrânia "pelo tempo que for necessário"..A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)..A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas..A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais..Em atualização